Polícia Civil afirmou que, após depoimento de amigo e contratos encontrados, desaparecimento ocorreu de forma consciente. Jovem está sumido desde 27 de março.
pós as recentes descobertas sobre o desaparecimento do estudante de psicologia Bruno Borges, de 25 anos, a Polícia Civil do Acre afirmou não tratar mais o caso como um crime. Segundo o delegado Alcino Júnior, o depoimento de Marcelo Ferreira, amigo do jovem, e os contratos encontrados na casa dele comprovaram que o sumiço ocorreu de forma consciente.
“Não temos mais responsabilidade sobre esse caso. Ontem [quarta, 31], conseguimos trazer uma confirmação dos motivos que ele acabou se ausentando. A partir desse momento, temos interesse em achá-lo, mas se torna uma coisa secundária. Vamos continuar auxiliando no que for necessário”, explicou o delegado.
Marcelo Ferreira, de 25 anos, foi detido por falso testemunho na manhã da quarta e liberado na noite do mesmo dia. A polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na casa dele, onde foram achados contratos reconhecidos em cartório que estipulavam porcentagens de ganhos com a venda dos 14 livros criptografados que Bruno deixou antes de sumir.
Móveis do quarto do estudante – rack e cama – foram encontrados no início de maio na casa de Márcio Gaiote, outro amigo que também teria participado da produção do “Projeto Enzo”, como foi intitulado. A mãe de Bruno, Denise Borges, registrou um boletim de ocorrência quando soube dos itens. Ela tomou conhecimento através de uma amiga.
Conversas entre Ferreira e Gaiote pelo celular mostravam, conforme a polícia, a intenção dos dois de ficarem ricos com a divulgação dos escritos. Apesar de ser detido, Ferreira deve passar por novo interrogatório na sexta (2) para falar sobre os móveis e falso testemunho.
Já Gaiote, que atualmente mora na Bahia, foi contatado pelos policiais para que retorne a Rio Branco para também ser ouvido no próximo dia 6.
Relembre a história
Bruno Borges desapareceu no dia 27 de março deste ano da casa onde morava, em Rio Branco. No quarto, ele deixou – além dos 14 livros criptografados, alguns escritos no chão, teto e paredes – uma estátua do filósofo Giordano Bruno (1548-1600).
De acordo coma família, os livros tratam de ciência, filosofia, ocultismo e física quântica. O estudante teria recebido uma “missão” para começar a escrever os 14 livros, segundo o amigo de infância Thales Vasconcelos, de 24 anos, que o ajudou em um dos exemplares. Apesar de não ter se envolvido na obra inteira, o amigo contou que trabalhou no livro 13 – intitulado “Ensaio sobre as perguntas sem resposta”.
Nessa obra, conforme Vasconcelos, Bruno aborda questões normalmente feitas durante a infância: “Quem sou eu? Qual o sentido da vida? Há um Deus?”. O amigo afirmou que Bruno falava em projeção astral, ou seja, que conseguia se concentrar e fazer com que o espírito se separasse do corpo, podendo “viajar” em outras dimensões. Um áudio obtido pelo Fantástico confirmou as declarações.
A família ainda não divulgou nenhum trecho escrito pelo acreano. O delegado Fabrizzio Sobreira, que iniciou as investigações, afirmou em 10 de abril que os amigos que ajudaram Bruno teriam feito um pacto de sigilo para que objetivo real do projeto não fosse revelado.
“Pelo que nós entendemos na investigação, existia entre eles um pacto de não revelar o projeto de Bruno. Então, nós também não podemos forçar as pessoas que passam pela delegacia a falarem aquilo que não querem, mesmo sob pena de cometer crime de falso testemunho. Mas, eles não são obrigados a expor o pacto que possivelmente existiu”, afirmou à época.
Fonte: G1