Um grupo formado por calouros do curso de medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac) passaram por um trote diferente. Os veteranos dos cursos, em vez de pedir dinheiro, pagar prenda ou pintar os cabelos, resolveram levar os novatos para uma ação solidária no Hospital do Câncer em Rio Branco, onde 94 crianças fazem tratamento contra a doença.
O grupo levou sacolões e muita alegria para os pequenos. “Já que vamos cuidar das pessoas, porque não vir para um hospital, ver o que as crianças estão passando e trazer mais alegria para elas?”, diz Asafy Resende, calouro de medicina.
A coordenadora de eventos do hospital, Mel Silva, explica que a batalha das crianças é diária e que um momento leve e de brincadeira faz toda diferença na rotina. “Elas vindo para cá, sabendo que tem um grupo esperando por elas, que quer brincar, que quer cantar, que tem um lanche, elas vêm mais felizes e elas se tornam mais felizes também”, acredita.
E, além da brincadeira, lanche e histórias, como já é tradição raspar a cabeça dos calouros, a ideia foi deixar que as crianças ficassem responsáveis por essa parte.
“As crianças, que fazem tratamento contra o câncer, passam por uma carga emocional muito precocemente, então, a gente quer incorporar todos os profissionais da saúde nesse ato e mostrar para eles que não estão sozinhos nessa batalha. Eles já são vitoriosos e muitas vezes é bem danoso, psicologicamente, a perda do cabelo e eles rasparem nossa cabeça, vão entender que é algo natural e é só um tratamento, é só uma fase”, acredita Lessandro Alencar, estudante de medicina.
Guilherme Airon foi o primeiro calouro a ter a cabeça raspada. Um momento único que, segundo o futuro médico, vai ficar marcado na vida dele para sempre. “Eu já havia raspado antes, assim que passei no trote, mas hoje foi uma emoção ainda maior, porque nos igualamos. Em felicidade, na aparência física do nosso cabelo e isso foi bom demais. Gostei muito”, disse.
A dona de casa Ivonete Morais descobriu que o filho tinha câncer quando ele estava com seis anos de idade. Hoje, quase completando treze anos, o menino está prestes a receber alta do tratamento. E são momentos como esse que dona Ivonete percebe que muitas outras pessoas também se preocupam com a saúde das crianças.
“Quando a gente chega aqui, a gente chega triste, mas a gente sai feliz. Eles saem de casa com aquela intenção de trazer o melhor que eles podem para a gente. Eu, como mãe, me sinto superbem”, finaliza.
G1