Balint Acs, tem nos cabides de sua pequena loja em Budapeste, na Hungria, mais camisas de times do futebol brasileiro que muita loja no Brasil. Seu acervo inclui até um bom número de equipes da série B e C. O apaixonado por futebol começou a colecionar pins e flâmulas em 1970 e há 16 anos ele decidiu reunir tudo em um espaço escondido na Váci utca., umas das principais ruas de comércio da cidade.
Na Magyar Futbal-Sport Uzlet, algo como Loja Húngara de Futebol-Esporte, em tradução livre, Acs mostra com orgulho a camisa de Ferenc Puskas do Budapest Honvéd, time em que o craque húngaro jogou até sair do país, em 1956, após a revolução húngara, uma revolta popular contra as políticas impostas pelo governo da República Popular da Hungria e pela União Soviética. No plantel da equipe da época, Sándor Kocsis, Zoltán Czibor, József Bozsik, Gyula Grosics, Gyula Lóránt e László Budai, todos craques da lendária seleção húngara de 1954, vice-campeã do mundo em umas das maiores injustiças do futebol, quando perderam para a Alemanha por 3 a 2 após um lance polémico no fim da partida, em que um gol da Hungria foi anulado. Acs conta ainda que o time era formado por militares:
“Eu mesmo cheguei a treinar para eles, quando servi o exército na década de 70. Se você fosse bem, ia ficando, se fosse mal, saía.
No banco, por dois anos, Béla Guttmann esteve no comando da equipe. Guttmann treinou diversas equipes durante sua carreira. Chegou a ser campeão paulista pelo São Paulo, em 1957, e bicampeão europeu pelo Benfica, de Portugal, em 1961 e 1962. A história do treinador com o Benfica termina com uma maldição. Após lhe negarem um aumento, ele sai brigado do clube e diz que “nem em 100 anos o Benfica voltaria a conquistar um Europeu”. Lá se vão 54.
Mas Acs não tem o Honvéd no coração. Ele então mostra o pequeno pin do Budapesti Vasas, seu clube.
“O último título foi uma Copa da Hungria em 1986, mas esse é meu time mesmo”, afirmou.
O comerciante diz que hoje vende apenas os pins, as bandeiras, os emblemas, as flâmulas. Os preços variam de 1000 a 1500 forints, mais ou menos de 10 a 20 reais.
“As camisas são só para trocas. Muitos brasileiros passam por aqui e acabam deixando as blusas de seus times. Por isso o acervo é grande”. Avaí, Internacional, Coritiba, Atlético-GO. Todas com seu lugares nos cabides ao lado de Real Madri, Dínamo de Kiev e seleção húngara.
Para venda, apenas algumas retrôs do Honvéd e da Hungria de 1954. Acs lamenta que o futebol em seu país não tenha mais a força do passado.
“Na década de 50 era Brasil, Uruguai e Hungria. Todos jogavam em seus países. Nós perdemos nossos craques após a revolução de 1956 e hoje perdemos para o dinheiro dos clubes grandes. Alguém desponta, eles vem aqui e compram. Antes mesmo dos 18 anos”, comentou.
Feliz com seu incrível acervo reunido durante 46 anos, Acs não esconde o prazer de ter conseguido juntar tudo aquilo durante esse tempo. Hoje ele ainda fabrica algumas flâmulas por conta própria:
“Aqui temos Fluminense, Flamengo, Cruzeiro”, mostra. E oferece como brinde um pin da Euro de 2016, na qual a Hungria fez uma campanha acima do esperado.
“Perdemos, mas conseguimos destaque”.
Em sua memória, é possível ver uma lembrança de um futebol que se perdeu no tempo.
Magyar Futbal-Sport Uzlet, Váci utca, 23, Budapeste. futballshop@gmail.com