O maior risco para o jovem é a falta de oportunidade

O debate sobre jovens entre 14 e 16 anos que estão fora da escola produtiva e do mercado de trabalho precisa ser tratado com seriedade e responsabilidade. Não estamos falando apenas de desemprego juvenil, mas de uma fase crítica da vida em que a ausência de oportunidades, de acompanhamento e de perspectiva abre espaço para a ociosidade, a informalidade precoce e, em muitos casos, o aliciamento pelo crime.


Essa faixa etária é especialmente sensível. É quando valores, identidade e visão de futuro estão sendo formados. Quando o jovem não encontra um caminho estruturado, o risco social não nasce da maldade, mas da falta de alternativas. A experiência mostra que a maioria dos adolescentes que entra em conflito com a lei passou antes por um período de abandono institucional: sem escola conectada à realidade, sem trabalho orientado e sem acompanhamento profissional.


É por isso que ações improvisadas não funcionam. O jovem não precisa apenas “ocupar o tempo”, nem de assistencialismo permanente. Ele precisa de ações estruturadas, com método, regras, acompanhamento e propósito. Programas legais de inserção produtiva, como a aprendizagem profissional, cumprem exatamente esse papel: conciliam escola, trabalho, formação humana e responsabilidade, respeitando a idade e os limites legais.


O trabalho acompanhado, nessa fase, não é exploração — é proteção social. Ele ensina disciplina, compromisso, convivência, noção de esforço e recompensa, além de introduzir o jovem à educação financeira básica e ao mundo real das responsabilidades. Mais do que renda, o primeiro vínculo formal oferece algo muito mais valioso: pertencimento e projeto de vida.


Um aspecto decisivo desse processo é a convivência direta desses jovens com empresários, gestores e profissionais experientes. O contato cotidiano com quem empreende, gera empregos e assume responsabilidades reais contribui de forma profunda para a formação do caráter, dos costumes e dos princípios necessários para a vida adulta. O jovem passa a compreender valores como ética, mérito, esforço, respeito, responsabilidade e compromisso com resultados. Aprende, na prática, como funciona uma empresa, como se constroem relações de confiança e como decisões impactam pessoas e a comunidade.


Essa convivência não forma apenas bons colaboradores. Ela desperta visão de futuro. Muitos jovens passam a enxergar no empreendedorismo uma possibilidade real de vida, entendendo que empreender é assumir riscos, criar soluções e gerar oportunidades para outros. É assim que se formam cidadãos conscientes, profissionais responsáveis e, quem sabe, futuros empresários comprometidos com o desenvolvimento local.


Nesse contexto, a Rede Cidadã se destaca como uma referência nacional. Sua atuação conecta jovens, empresas, escolas e poder público em programas de aprendizagem e inclusão produtiva com acompanhamento contínuo. Não se trata apenas de encaminhar jovens para vagas, mas de formar cidadãos, preparar comportamentos, orientar escolhas e reduzir riscos sociais. O diferencial está no acompanhamento humano, próximo e constante, que transforma o trabalho em instrumento educativo e não apenas econômico.


Quando empresas, organizações sociais e governos se unem em torno desse modelo, todos ganham. O jovem ganha direção, a família ganha tranquilidade, a empresa forma mão de obra local e a sociedade reduz custos sociais futuros. Prevenir a criminalidade juvenil não começa na repressão; começa na oportunidade bem estruturada.


O futuro de uma comunidade depende diretamente do destino que ela oferece aos seus jovens. Um território que investe em inclusão produtiva, educação prática, convivência com bons exemplos e acompanhamento profissional colhe adultos mais preparados, trabalhadores mais conscientes e cidadãos mais responsáveis. Já um território que ignora essa etapa paga um preço alto em violência, exclusão e desperdício de potencial humano.


Encaminhar bem nossos jovens de 14 a 16 anos é uma escolha estratégica. É apostar em um futuro mais próspero, seguro e independente. Não é caridade, é visão de desenvolvimento. Um jovem bem orientado hoje é um profissional, um empreendedor e um cidadão comprometido amanhã. E nenhuma transformação social consistente acontece sem começar exatamente por aí.


 


Marcello Moura
Empresário
Presidente da CDL
Líder do movimento Cidadania Empreendedora
www.cidadaniaempreendedora.com.br


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