EUA pediram documentos sobre crime organizado após ligação entre Lula e Trump

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fala durante reunião em Brasília 03/06/2025 REUTERS/Adriano Machado

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (3) que recebeu da embaixada dos Estados Unidos um pedido de acesso a documentos sobre operações de combate ao crime organizado, após telefonema entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump.


Em entrevista coletiva, Haddad afirmou que os documentos estão passando por tradução na Receita Federal “para que essa ação seja efetivada”. O ministro não detalhou quais investigações estão no escopo do compartilhamento, mas reforçou que se trata de cooperação formal entre os dois países.


A solicitação ocorre no momento em que Washington amplia a pressão internacional sobre o crime transnacional e reforça operações militares no Caribe e no Pacífico. A cooperação com o Brasil ganhou novo impulso após Lula defender, no telefonema com Trump, uma estratégia conjunta baseada em inteligência e rastreamento financeiro, evitando soluções militarizadas.


Na ligação de 40 minutos, Lula afirmou ao presidente americano que o Brasil está disposto a atuar de forma integrada no enfrentamento a facções, lavagem de dinheiro e tráfico internacional.


O petista enfatizou que “a gente não precisa utilizar arma, podemos usar inteligência para acabar com o narcotráfico e o crime organizado”, numa tentativa de alinhar Brasília a uma abordagem menos beligerante que a adotada por Washington na Venezuela e no Caribe.


A interlocução também ocorreu em meio às tensões diplomáticas provocadas pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A Casa Branca já retirou a sobretaxa de 40% sobre café, carne bovina e frutas, e Lula voltou a defender que outras barreiras ainda pendentes sejam removidas.


A cooperação policial e o intercâmbio de informações, segundo auxiliares do Planalto, também servem como gesto político para distensionar a relação e mostrar que o Brasil tem mecanismos internos robustos para enfrentar organizações criminosas, argumento que contraria discursos de setores da oposição que pedem classificar facções como terroristas.


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