Passou a circular nas redes sociais, na manhã deste domingo (16), uma videochamada envolvendo membros das organizações criminosas Bonde dos 13 (B13) e Comando Vermelho (CV). Na gravação, os criminosos Eduardo Queiroz Veríssimo, de 23 anos, vulgo “Caboco”, preso durante uma intervenção policial, e Yago Silva e Silva, de 16 anos, vulgo “Sinistro” morto na mesma ação após apontar uma arma de fogo para a polícia na madrugada da última sexta-feira (14), no bairro Triângulo Novo, em Rio Branco, aparecem com outros comparsas fazendo ameaças e comemorando a morte do jovem ativista Micaias Santos Almeida, de 18 anos, ocorrida em fevereiro deste ano — crime que chocou moradores do bairro Taquari, no Segundo Distrito de Rio Branco.
Nas imagens, os membros da facção B13 — Eduardo, Yago e outros dois comparsas não identificados — exibem uma arma de fogo contra seus rivais. Em seguida, um faccionado identificado como “Cabuloso”, do CV, retruca os integrantes do B13 e afirma que Micaias era inocente.
“Aqui não é que nem vocês, não, seus noiados safados. Aqui é o trem bala, é o Comando Vermelho. Agora vocês são safados, mataram um inocente. Brota aqui, mano, estou mostrando a minha cara. Aqui é o Cabuloso”.
Os crimes da dupla
Apesar da pouca idade, Eduardo e Yago são considerados pela polícia criminosos de alta periculosidade, com envolvimento direto e indireto em mortes registradas em Rio Branco.
Caboco é apontado como autor de diversos homicídios, incluindo o do ativista social Micaias Santos de Almeida e do amigo André Silva Santos, mortos no bairro Taquari, além de participação no assassinato de Janaira Andresa de Souza, de 15 anos, esquartejada e jogada no Rio Acre no ano passado.
Já Yago, além da participação na morte do ativista Micaias, respondia pelos homicídios de Luiz Afonso da Cunha, de 47 anos, e Adálio de Águiar Fernandes, de 48 anos, ocorridos na madrugada do dia 22 de junho de 2024 dentro de uma distribuidora e mercearia situada na Rua Baguari, no bairro Taquari, no Segundo Distrito de Rio Branco, onde cerca de oito criminosos invadiram o local e executaram as vítimas a tiros.
Entenda o caso da prisão de Eduardo e morte de Yago
Por volta das 21h da última quinta-feira (13), a polícia foi informada via rádio que indivíduos armados teriam sido vistos a pé na Rua Passeio, no bairro Taquari. Diante disso, as equipes intensificaram o patrulhamento na região.
Já por volta de 1h da sexta-feira, 14, a guarnição realizava patrulhamento ostensivo e preventivo nos bairros Taquari e Triângulo para evitar conflitos entre as organizações criminosas Comando Vermelho (CV) e Bonde dos 13 (B13). Ao entrar na Rua Padre José, os policiais avistaram dois indivíduos parados em uma esquina, local conhecido como ponto de comércio ilegal de entorpecentes.
Ao perceberem a aproximação da polícia, um dos indivíduos atravessou a rua e o outro permaneceu no local. Ambos estavam armados. Um portava a arma na cintura e tentou escondê-la, enquanto o outro carregava uma arma na mão e tentou ocultá-la atrás do corpo.
Durante a tentativa de abordagem, um dos suspeitos jogou a arma no chão e se rendeu. O outro, Yago, sacou a arma da cintura e tentou apontá-la para o policial, que reagiu rapidamente e efetuou um único disparo para cessar a agressão iminente.
A guarnição acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e isolou a área para os trabalhos periciais. Os indivíduos foram identificados como Yago Silva e Silva, vulgo “Sinistro” (alvejado), e Eduardo Queiroz Veríssimo, vulgo “Caboco”, ambos conhecidos por envolvimento com tráfico de drogas e suspeitos de participação em diversos homicídios.
O SAMU prestou atendimento ao ferido, mas Yago não resistiu e morreu dentro da viatura de suporte avançado. O óbito foi atestado pelo médico socorrista Dr. Luiz Alberto. Durante o atendimento, foram encontrados três cartuchos de calibre 28 intactos e entorpecentes que caíram do bolso do paciente.
A Polícia Técnica realizou os exames periciais, e equipes da DHPP e do Comando de Patrulha acompanharam o procedimento. Em conversa com os policiais, Eduardo afirmou que realizava a segurança do local ao lado do comparsa e que as armas seriam usadas apenas para proteção.
Diante das circunstâncias, Eduardo recebeu voz de prisão pelos crimes, em tese, de porte ilegal de arma de fogo, associação para o tráfico e tráfico de drogas. Após os procedimentos periciais e liberação da cena, ele foi conduzido ileso à Delegacia de Flagrantes (DEFLA).
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