Trump corta tarifa de 10% para alimentos, mas Brasil ainda tem taxa de 40%

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à esquerda, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à direita • Marcelo Camargo/Agência Brasil | Andrew Harnik/Getty Images

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou hoje uma ordem executiva eliminando a tarifa básica sobre a importação de café, carne bovina, tomate, banana e outros produtos agrícolas que havia sido anunciada em abril contra diversos parceiros comerciais — no caso do Brasil, era de 10%. A decisão tem validade retroativa a partir de ontem. Para o Brasil, continua válida a taxa extra de 40% que começou a vigorar em agosto.


O que aconteceu


Na ordem executiva, Trump admitiu que precisou reconsiderar o tarifaço de alguns produtos agrícolas, mas não citou nenhum país específico. Ele escreveu que considerou as informações e recomendações fornecidas “por autoridades” e negociações “com diversos parceiros comerciais”.


Trump disse que a decisão de rever a lista de produtos afetados pelo tarifaço se deu após analisar a necessidade crescente dos EUA de alguns produtos e a capacidade interna atual de produção de certas mercadorias. As tarifas e a dinâmica do mercado doméstico tem pressionado os índices de inflação do país.



A ordem elimina as tarifas comerciais que Trump chamou de “recíprocas”, as quais foram fixadas em abril de acordo com a balança comercial dos EUA com cada parceiro. Depois, vieram outras: o Brasil, por exemplo, recebeu taxas adicionais de 40% em agosto.


Centenas de produtos agrícolas ficaram isentos agora da tarifa recíproca. A lista inclui:


Carne bovina
Frutas frescas (como açaí, abacaxi, banana, coco, mamão, laranja, manga)
Brotos de bambu
Castanha do Pará
Castanha de caju
Café torrado e não torrado
Chá verde
Chá preto
Coco
Temperos (como páprica, pimenta e canela)


Segundo Trump, haverá reembolso de tarifas já cobradas, mas o presidente americano não deu mais detalhes. Os reembolsos serão processados de acordo com a legislação, disse ele.


O tarifaço


Algumas mercadorias sobretaxadas registraram forte aumento de preços nos EUA. Principal fornecedor de café para o mercado americano, o Brasil enfrentava tarifas totais de 50%, o que elevou em quase 20% o preço do café no mercado americano em setembro na comparação com mesmo mês do ano passado.


Em razão disso, muitos eleitores passaram a rejeitar a medida. Segundo especialistas, um dos sinais da reprovação dos cidadãos americanos à gestão Trump foi a vitória de candidatos democratas nas eleições municipais em diversos estados.


A queda das tarifas comerciais já era esperada desde o início da semana. O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, tinha dito que o fim próximo do tarifaço visaria a produtos “que não cultivamos aqui nos Estados Unidos”, referindo-se a café e banana, embora haja plantações de café em algumas partes do país.


O decreto foi assinado depois de acordos comerciais anunciados ontem (13). Eles eliminaram as tarifas sobre alguns alimentos e outros itens de Argentina, Equador, Guatemala e El Salvador.


No Brasil, as exportações de café despencaram após o tarifaço. O país exportou US$ 1,9 bilhão em café para os Estados Unidos no ano passado. Em outubro, as exportações recuaram 54% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).


O Brasil vem negociando com o governo americano. O ministro brasileiro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, se encontrou com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, nesta semana, depois de Trump iniciar as negociações com o presidente Lula (PT) no mês passado.


Após o anúncio da mudança no tarifaço hoje, os democratas provocaram Trump ao celebrarem o recuo do governo. Principal democrata do Comitê de Meios e Recursos da Câmara dos Deputados, Richard Neal disse que o governo Trump estava “apagando um incêndio que eles começaram alegando que era um progresso”, afirmou em comunicado.


O governo Trump está finalmente admitindo publicamente o que todos nós sabemos desde o início: a guerra comercial de Trump está aumentando os custos para as pessoas.
Richard Neal, deputado federal


*Com agências internacionais de notícias


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