Donald Trump ameaça processar BBC por documentário e exige indenização de R$ 5,2 bi

O presidente dos EUA, Donald Trump, recebe para um almoço bilateral o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán (não retratado), na Casa Branca em Washington, D.C., EUA, 7 de novembro de 2025. REUTERS/Jonathan Ernst

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que pretende processar a BBC por difamação, acusando a emissora pública do Reino Unido de editar um discurso seu em um documentário exibido em outubro.


A equipe jurídica do republicano deu prazo até 14 de novembro para que a emissora publique uma retratação formal, sob pena de uma ação judicial de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,6 bilhões).


O episódio se refere a uma produção do programa Panorama, que, segundo um memorando interno da própria BBC, teria juntado dois trechos distintos do discurso feito por Trump em 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, criando a impressão de que o então presidente havia convocado diretamente seus apoiadores à ação violenta.


A polêmica levou à renúncia da diretora de notícias Deborah Turness e do diretor-geral Tim Davie, em meio a pressões sobre a credibilidade da emissora. O presidente da BBC, Samir Shah, admitiu que houve um “erro de julgamento” na edição do material, mas negou qualquer tentativa de manipulação deliberada.


“Com o benefício da retrospectiva, deveríamos ter tomado uma providência mais formal”, declarou em carta enviada ao Parlamento britânico.


Trump afirma que o documentário foi produzido com “intenção difamatória” e “prejuízo político deliberado”. Em carta enviada à BBC, o advogado Alejandro Brito acusou a emissora de divulgar informações falsas e depreciativas e anunciou que o caso será tratado sob a jurisdição da Flórida, onde o presidente mantém residência.


A crise dentro da BBC ganhou força após a divulgação, pelo The Telegraph, de um relatório de Michael Prescott, ex-conselheiro editorial da emissora. No texto, Prescott critica o que descreve como viés anti-Trump, anti-Israel e pró-trans, além de apontar falhas na cobertura da guerra em Gaza e da política norte-americana.


Em resposta, Shah reconheceu que a emissora enfrenta problemas de gestão e revisão editorial, mas rejeitou a ideia de um viés sistêmico. Ele disse que a BBC já abriu investigações internas e vem aplicando sanções disciplinares e atualizações nas diretrizes quando necessário.


Conflitos com a imprensa

A disputa com a BBC se soma a uma longa lista de embates de Trump com grandes veículos de comunicação. O republicano já processou ou ameaçou processar a CNN, o New York Times e a CBS News, com quem firmou um acordo de US$ 16 milhões neste ano, após alegar manipulação de uma entrevista com a então vice-presidente Kamala Harris.


Nos bastidores, aliados de Trump afirmam à BBC que ele vê a controvérsia como uma forma de reforçar sua narrativa de perseguição midiática, um dos pilares de sua pré-campanha à reeleição em 2026.


Enquanto isso, o governo britânico tenta conter os danos à imagem da emissora pública. O primeiro-ministro Keir Starmer defendeu a BBC, afirmando que não há indícios de parcialidade institucional. Já a líder conservadora Kemi Badenoch cobrou uma “investigação rigorosa” sobre as falhas editoriais.


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