O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), foi um dos destaques da Conferência das Partes (COP 30), realizada em Belém (PA), ao defender um discurso firme em favor do desenvolvimento sustentável aliado à valorização da vida humana. Durante sua participação no painel da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), nesta quarta-feira (12), o gestor afirmou que “não se pode escravizar o ser humano em nome da preservação ambiental”, reforçando a necessidade de políticas públicas que conciliem produção, sustentabilidade e dignidade social.
Bocalom lembrou sua trajetória como produtor rural e ex-prefeito de Acrelândia, quando apresentou à então ministra Marina Silva um projeto pioneiro de zoneamento por propriedade, com o objetivo de realocar famílias de agricultores de áreas improdutivas para locais mais adequados à produção agropecuária. “Na época, fui chamado de anteambientalista e acusado de querer ‘rondonializar’ o Acre. Hoje, até meus adversários reconhecem que o poder público precisa apoiar a produção com ações concretas”, afirmou.

Durante sua fala na COP 30, o prefeito destacou as iniciativas implementadas em Rio Branco que contribuem para o enfrentamento das mudanças climáticas, como o programa de mecanização agrícola, a correção do solo com calcário e adubo, e o fortalecimento da agricultura familiar. Ele também ressaltou os avanços na gestão dos resíduos sólidos, com a coleta seletiva e a estruturação do aterro sanitário, ações que têm reduzido significativamente as queimadas urbanas e melhorado a qualidade do ar na capital acreana.
“Com a mecanização, o agricultor não precisa derrubar novas áreas de mata nem queimar o solo. Isso evita a fumaça que antes invadia a cidade. Além disso, com a educação ambiental e o recolhimento correto do lixo dos quintais, conseguimos combater as queimadas urbanas”, explicou Bocalom.
O prefeito também destacou a ampliação dessas ações para os demais 21 municípios do Acre, por meio da Associação dos Municípios do Acre (Amac), do Consórcio Intermunicipal de Resíduos Sólidos (Cinreso) e em parceria com o governo do Estado.

Em tom emocional, Bocalom fez um apelo aos representantes internacionais presentes na conferência. “Quando mandarem recursos para a causa Amazônia, lembrem-se também das famílias que vivem aqui e são as verdadeiras cuidadoras da floresta. Há comunidades onde, se alguém adoece, precisa ser carregado em rede por dias até um posto de saúde. Essa realidade não chega aos grandes financiadores das ONGs. Precisamos cuidar dos animais e das florestas, mas, acima de tudo, do ser humano”, concluiu.
O painel da FNP teve como tema central a articulação entre governos locais, setor privado e sociedade civil para implementação de compromissos climáticos no Brasil. Além de Bocalom, o evento contou com a participação do prefeito de João Pessoa (PB), Cícero Lucena.


