O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, aplicado neste domingo (09), “Desafios do envelhecimento populacional no Brasil”, reacendeu um debate urgente sobre o futuro financeiro das famílias e o papel das novas gerações diante das transformações demográficas do país.
Para especialistas em seguros, como Josusmar Sousa, CEO da Mister Líber Corretora de Seguros, o assunto é um chamado à ação: o envelhecimento da população exige uma mudança cultural em relação à forma como o brasileiro planeja o futuro, protege sua renda e garante qualidade de vida na maturidade.
De acordo com projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2050, cerca de 30% dos brasileiros terão mais de 60 anos, tornando o país uma das nações com envelhecimento mais acelerado do mundo.
Esse movimento, impulsionado pela queda da natalidade e pelo aumento da longevidade, já pressiona o sistema previdenciário, as redes de saúde e a economia em geral. Para se ter uma ideia desse impacto, só os gastos do Governo Federal com a Previdência Social vão ultrapassar a marca de R$ 1,11 trilhão em 2026, conforme o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) divulgado em agosto de 2025.
Longevidade em pauta
Segundo Sousa, o tema da redação deste ano do Enem “é extremamente simbólico” ao proporcionar que “milhões de jovens brasileiros, que estão hoje prestando o exame e começando suas vidas profissionais” sejam convidados a refletir sobre o futuro.
Dados preliminares divulgados pelo Ministério da Educação apontam que, dos mais de 4,8 milhões inscritos no Enem 2025, 73% participaram da prova. O exame registrou aumento de 11% no número de inscrições em relação à última edição e de mais de 38% em relação a 2022.
Sousa observa que o debate sobre envelhecimento populacional, quando ampliado para o campo econômico, também impacta empresas e governos.
“O aumento da longevidade muda tudo: o mercado de trabalho, o consumo, a produtividade e as demandas por saúde e previdência. O seguro de vida e os planos de previdência são instrumentos que ajudam a equilibrar essa equação, oferecendo segurança às famílias e sustentabilidade ao sistema como um todo.”
Contudo, uma pesquisa feita pelo Datafolha no ano passado a pedido da Fenaprevi (Federação Nacional de Vida e Previdência) apontou que apenas 18% dos brasileiros afirmavam possuir seguro de vida e somente 9% diziam contar com um plano de previdência privada.
Na avaliação de Antonio Leitão, gerente do Instituto de Longevidade MAG, ter o envelhecimento como tema de redação do Enem é relevante em vários sentidos, entre eles, de ser sempre um indicativo de aspectos importantes e desafiadores para a sociedade.
Ele concorda com Sousa sobre a relevância de obrigar os jovens – e futuros integrantes do mercado de trabalho – a refletir sobre aquilo. Segundo Leitão, a agenda do envelhecimento precisa extrapolar nichos específicos, deixando de ser interesse apenas de quem é da saúde ou da economia.
“Em outras palavras, por tudo que o fenômeno vai requerer de mudanças em políticas e gestão, é fundamental que futuros advogados, pedagogos, arquitetos, publicitários, enfim, que os profissionais em geral enxerguem em servir e atender pessoas idosas um caminho possível e, certamente, rentável profissionalmente.”
Além disso, o CEO da Mister Liber ressalta que a educação financeira precisa ser parte integrante dessa transformação cultural. “É preciso falar sobre seguro e previdência nas escolas, nas empresas e nas famílias. Quanto mais cedo as pessoas compreenderem o valor da proteção, menos vulneráveis estarão no futuro. O tema do Enem é um convite para que o país inteiro repense sua relação com o tempo, com o trabalho e com o planejamento de longo prazo”, afirma o executivo.


