A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro pode catalisar a unificação do campo político do centro e da direita em torno da provável candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, avalia o analista político Leopoldo Vieira.
A decisão de Moraes orientou que a prisão fosse realizada sem algemas e sem exposição pública, considerando o risco de fuga e a convocação de uma vigília em apoio à saúde do ex-presidente, além da tentativa de violação da tornozeleira eletrônica.
Olhando para o âmbito eleitoral, as pesquisas recentes mostram um cenário de disputa acirrada, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantendo um favoritismo estreito, apesar de oscilações em sua popularidade.
“Ou seja, há espaço para uma candidatura de oposição crescer e tentar vencer”, avalia.
A detenção do ex-presidente deve intensificar as articulações políticas, tanto para buscar a redução das penas e retorno à prisão domiciliar de Bolsonaro, quanto para ampliar pressões políticas contra o governo. Além disso, pode fortalecer alas majoritárias no Legislativo para impor derrotas ao Palácio do Planalto em pautas sensíveis, como segurança pública, especialmente após a insatisfação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, com a escolha de Lula por Jorge Messias para o STF.
Um ponto importante, ressalta Vieira, é se o clã Bolsonaro conseguirá agir pragmaticamente para facilitar a união do centro-direita ou se se tornará um obstáculo a essa coalizão.
“No entanto, as declarações recentes do senador Flávio Bolsonaro — de que estará junto com Tarcísio —, as eventuais pressões do mercado financeiro e os avanços das negociações comerciais Brasília–Washington indicam possibilidade de superação do impasse”, ressalta o especialista.