Ícone do site Ecos da Noticia

Por que a falha da Cloudflare derruba tantos sites de uma só vez?

Uma falha na Cloudflare deixou uma boa parte da internet inoperante nesta terça-feira (18). Sites populares como o ChatGPT, o X e o Canva apresentaram falhas de carregamento e o “Erro 500”. O pico de reclamações de usuários ocorreu por volta das 8h30, de acordo com dados da plataforma Downdetector.


Assim como ocorreu com a falha da Amazon Web Services (AWS) em outubro, a instabilidade da plataforma levanta o questionamento de como o serviço de uma única empresa tem impactos globais. 


A resposta está na arquitetura da internet moderna, e no fato de a Cloudflare funcionar como um grande intermediário entre o usuário e o servidor onde o site está hospedado.


Por que a falha da Cloudflare derrubou tantos sites?

Gustavo Torrente, professor de Novas Tecnologias da Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP), explica que a função primordial da ferramenta é atuar como um “meio de campo”. “Ela acelera o carregamento dos sites e, ao mesmo tempo, oferece uma camada de proteção contra invasões”, afirma o especialista.


Na prática, quando alguém acessa um site ou aplicativo, a conexão passa primeiro pelos servidores da Cloudflare espalhados pelo mundo. Eles filtram o tráfego malicioso e entregam o conteúdo a partir do ponto mais próximo da sua casa, garantindo velocidade.


Quando esse “porteiro” falha, a conexão é cortada, e o site aparece como fora do ar para o usuário final, apesar dos seus servidores de origem estarem intactos.


No caso do erro de hoje, a Cloudflare ainda não especificou o que ocorreu, e afirmou que “estão passando por uma degradação interna do serviço, e alguns serviços podem ser afetados intermitentemente”.


erro x
O X ainda estava fora do ar na manhã desta terça-feira (18) (Imagem: Captura de tela/Marcelo Fischer/Canaltech)

Cloudflare x AWS: qual a diferença no impacto?

No último dia 20 de outubro, a AWS passou por uma falha global que também derrubou sites e softwares ao redor do mundo. Mas, apesar da Cloudflare causar também a queda de serviços, os impactos são diferentes. 


Enquanto a Cloudflare é o intermediário que entrega o conteúdo, a AWS é quem guarda os dados e hospeda os sistemas.


“Quando os sistemas da AWS caem, o prejuízo geralmente é muito maior, porque o sistema todo trava. Toda a operação de uma empresa que depende da AWS para de funcionar”, explica Torrente.


Já no caso de uma falha na Cloudflare, o sistema da empresa continua operando, ele apenas não consegue entregar a informação ao usuário final através daquela rota específica.


Segundo o professor da FIAP, resolver um problema na Cloudflare é, teoricamente, “mais simples” do que restaurar a queda da AWS.


Em situações críticas, as empresas podem tentar desviar o tráfego ou aguardar a mitigação da rota, enquanto um “apagão” na hospedagem, como no caso da AWS, exige reparos na infraestrutura central onde os dados estão alocados.


Prejuízo “em minutos”

Independentemente de ser uma falha de transporte (Cloudflare) ou de armazenamento (AWS), o impacto econômico é imediato. O prejuízo é diretamente proporcional ao tempo de inatividade e ao modelo de negócio afetado.


André Miceli, coordenador do MBA de Negócios Digitais da Fundação Getulio Vargas (FGV), reforça que o fator tempo é a variável fundamental dessa equação. Embora a AWS sustente sistemas mais críticos e profundos, a falha na Cloudflare trava as vendas instantaneamente.


“Muitas empresas de e-commerce, de mídia e de serviços digitais usam a Cloudflare e estão perdendo receita a cada minuto que isso fica fora”, alerta Miceli.


Sair da versão mobile