Quatro advogados foram presos pela Polícia Federal (PF) em Manaus, nesta quinta-feira (6), durante uma operação contra o Comando Vermelho (CV) no Amazonas. De acordo com as investigações, eles faziam parte do núcleo jurídico da facção e usavam o acesso profissional para manter a comunicação entre chefes presos e integrantes do grupo nas ruas.
A ação é um desdobramento da Operação Xeque-Mate, que tem como alvo Alan Sérgio Martins Batista, o “Alan do Índio”, apontado como chefe do Comando Vermelho no estado. Ele continua foragido e, segundo a PF, usa identidades falsas, além de ter realizado cirurgias plásticas para escapar da prisão.
As investigações apontam que os advogados, identificados como Alisom Joffer Tavares Canto de Amorim, Gerdeson Zueriel de Oliveira Menezes, Janai de Souza Almeida e Ramyde Washington Abel Caldeira Doce Cardozo, usavam o direito de visita profissional para repassar bilhetes, ordens e dinheiro entre os chefes presos e integrantes do tráfico nas ruas. O grupo cumpria diferentes funções dentro da estrutura da facção, como:
- 📩 Repassar ordens de chefes presos a integrantes que atuam no comércio de drogas;
- 💸 Lavar dinheiro obtido com o tráfico;
- 🚛 Ajudar na logística de envio de drogas que vinha da Colômbia;
- 📞 Coordenar represálias e negociações entre criminosos de diferentes estados;
- 🔗 Servir de elo entre chefes presos e pontos de venda de drogas no Amazonas.
Segundo a PF, essas ações permitiam que a facção mantivesse o controle das operações criminosas mesmo com chefes presos ou foragidos.
O g1 tenta localizar a defesa dos citados.
Acesso aos presídios
Durante as investigações, a PF descobriu que os advogados usavam o acesso ao sistema prisional para simular atividades de advocacia e manter contato com presos. O objetivo seria garantir que as instruções dos chefes fossem cumpridas nas ruas.
A polícia afirma que as prerrogativas da profissão estavam sendo usadas indevidamente para:
- coordenar represálias e cobranças;
- intermediar acordos entre estados;
- e movimentar recursos ilegais da facção.
Operação e acompanhamento da OAB
A ação desta quinta-feira faz parte da Operação Xeque-Mate, que busca impedir que ordens criminosas continuem sendo repassadas dentro e fora das prisões, inclusive com alcance interestadual e internacional.
Ao todo, foram cumpridos:
- Quatro mandados de prisão preventiva;
- Cinco mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e profissionais.
Durante o cumprimento dos mandados, foram recolhidos dinheiro, veículos, documentos e computadores.
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seccional Amazonas informou que membros da Comissão de Defesa das Prerrogativas Profissionais acompanharam o cumprimento dos mandados de busca, apreensão e prisão.
A entidade afirmou que eventuais violações às prerrogativas verificadas durante a ação estão sendo apuradas e que as providências cabíveis serão adotadas, inclusive com comunicação à autoridade judicial que expediu os mandados.
A OAB-AM ressaltou ainda que permanece vigilante e presta toda a assistência necessária aos advogados e advogadas, reafirmando o compromisso com a defesa das prerrogativas da advocacia e com o Estado Democrático de Direito.
Ligações com Alan do Índio
Os quatro advogados seriam ligados diretamente a Alan do Índio, apontado como o principal representante da facção no Amazonas.
Ele é um dos 13 conselheiros do Comando Vermelho, grupo que, segundo as investigações, controla o tráfico de drogas em diferentes estados a partir do Rio de Janeiro e de países da América do Sul.
Alan foi alvo da Operação Xeque-Mate, deflagrada no dia 6 de outubro. Ele também está entre os foragidos da megaoperação que ocorreu há 10 dias e terminou com 121 mortos no Rio de Janeiro.
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Antes e depois de Alan do Índio, chefe do Comando Vermelho no Amazonas e alvo de operação da PF. — Foto: Reprodução
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Quatro advogados ligados ao Comando Vermelho são presos em operação da Polícia Federal no Amazonas — Foto: Divulgação
