MEC aciona PF e anula questões do Enem após estudante antecipar itens em live

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O Ministério da Educação acionou a Polícia Federal e determinou a anulação de três questões do Enem 2025 após a circulação de uma live em que o estudante de Medicina Edcley Teixeira corrigiu itens praticamente idênticos aos aplicados no exame.


A transmissão foi realizada cinco dias antes da prova. Em suas redes sociais, Edcley afirma participar dos pré-testes conduzidos pelo Inep e usa a memória das perguntas para montar aulas pagas.


Em um comunicado, o MEC informou que a equipe técnica responsável pela montagem das provas analisou o caso e identificou similaridades pontuais entre itens pré-testados e os que apareceram no exame. A pasta diz, porém, que nenhuma questão foi apresentada de forma idêntica à aplicada no Enem deste ano.


A transmissão ocorreu no dia 11 de novembro no YouTube. Em um dos exemplos citados pelo MEC, uma questão de Biologia mostrou quatro alternativas exatamente iguais às que constaram no Enem, inclusive a resposta correta. Outra, sobre ruído sonoro, reproduziu todas as opções, valores e estrutura matemática usadas na prova.


Nas redes sociais, Edcley também listou perguntas que teria trabalhado com seus alunos antes do exame. Ele afirma ter tido acesso a itens semelhantes em edições anteriores de pré-testes, incluindo em 2023 e 2024.


Regras de pré-testes

Em comunicado, o Inep explicou que itens do Enem são submetidos à Teoria da Resposta ao Item (TRI), o que exige uso de pré-testes. Nesses processos, participantes têm contato com questões que podem ou não entrar em futuras provas.


O instituto afirma que mantém protocolos rígidos de segurança e que as etapas do exame foram cumpridas. A PF investigará possível quebra de confidencialidade e responsabilidades por divulgação indevida.


Polêmica já antiga

O estudante já havia registrado, em 2022, um vídeo em que dizia que cursinhos utilizavam avaliações como o Prêmio CAPES Talento Universitário para tentar prever questões futuras do Enem, mecanismo que ele passou a adotar no ano seguinte.


Em materiais de 2023, Edcley afirmava ter “lembrado” de até 90 itens inéditos com ajuda de amigos após participar dos pré-testes.


Mesmo após a polêmica, ele defendeu publicamente que lembrar conteúdos vistos em avaliações preliminares não configura irregularidade. Em suas redes, se apresenta como capaz de antecipar temas e estilos do exame e comercializa cursos baseados nessa estratégia.


A PF deve conduzir as investigações para apurar eventual violação de sigilo e se houve má-fé na divulgação de itens relacionados ao banco de questões do Enem.


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