A Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro prendeu, nesta sexta-feira (28), cinco policiais militares do Batalhão de Choque acusados de crimes cometidos durante a megaoperação Contenção, que resultou em 122 mortes nos complexos da Penha e do Alemão, em 28 de outubro.
A principal acusação apurada pela Corregedoria é o furto de um fuzil durante a ação, registrado pelas câmeras corporais dos agentes. A arma teria sido revendida a criminosos, segundo o jornal O Globo.
Ao todo, dez policiais militares do Choque estão sendo investigados. Destes, cinco foram alvos apenas de busca e apreensão. A investigação está a cargo da 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar.
Relembre a megaoperação
Com 113 prisões e 122 mortes — sendo cinco delas policiais da Polícia Civil e Militar —, a operação mais letal da história do Rio de Janeiro teve como alvo integrantes do Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da capital.
A operação foi idealizada como uma iniciativa permanente do Estado do Rio de Janeiro, sob o comando do governador Cláudio Castro (PL), para conter o avanço da facção em outras regiões do estado.
Ambos os complexos são considerados regiões-chave na disputa por território entre facções criminosas. A primeira fase visava o cumprimento de 180 mandados de prisão contra integrantes da facção, incluindo 30 membros de outros estados, que estariam escondidos nos complexos.
Um dos principais alvos era Edgard Alves Andrade, apontado como liderança do CV no Complexo da Penha, responsável pelo tráfico de drogas na comunidade. Conhecido como Doca ou “Urso”, o criminoso de 55 anos possui uma extensa ficha criminal e 26 mandados de prisão expedidos pela Justiça.
Apesar do planejamento prévio, o início da operação foi acelerado devido a um conflito entre traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP), rivais do CV, iniciado na madrugada do dia 27 no Complexo do Chapadão e na comunidade da Pedreira.
Segundo a Polícia, o conflito começou quando membros do CV alocados no Chapadão tentaram atacar pontos de venda de drogas do TCP na comunidade da Pedreira. O confronto atraiu a atenção das autoridades, que foram informadas sobre um pedido de apoio do CV aos membros no Complexo do Alemão para conquistar o território em disputa.
Cerca de 2,5 mil policiais civis e militares foram mobilizados a partir da madrugada de terça-feira (28) e entraram em ação nos complexos da Penha e do Alemão.
Foram presos 113 suspeitos, sendo 33 de outros estados, como Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco. Foram apreendidas 118 armas, das quais 91 eram fuzis. Edgard Alves, o Doca, apontado como maior líder da facção, conseguiu escapar e segue foragido.
Segunda fase
Um dos principais alvos detidos na segunda fase da operação foi Cosme Rogério Ferreira Dias, apontado como o “Mentor de Barricadas”. Empresário do ramo da reciclagem em ferros-velhos, ele era, segundo a investigação, responsável pelas operações de lavagem de dinheiro e apoio logístico à facção.
A investigação aponta que ele financiava a construção das barreiras que impedem o livre tráfego de moradores e dificultam o acesso de agentes. Os ferros-velhos ligados à facção funcionam como núcleos de lavagem de dinheiro, apoio operacional e financeiro às barricadas.


