Diversos rascunhos da COP30 foram publicados na madrugada desta sexta-feira (21). As publicações aconteceram horas após a retomada dos trabalhos, paralisados por conta de um incêndio que atingiu a Zona Azul, na tarde de quinta-feira (20).
➡️Os rascunhos, ou drafts, são versões intermediárias dos textos, produzidas à medida que as discussões avançam.
Um dos rascunhos que foi divulgado, e que mais gerava expectativa, era do Mutirão Global. Isso porque, desde o início da cúpula, o governo divulgava a tentativa de um movimento de mutirão que incluísse o mapa do caminho — um roteiro para longe dos combustíveis fósseis.
No entanto, esse tema nunca foi incluído na agenda oficial da conferência, justamente pela resistência de alguns blocos de países. O roteiro era tido como um dos marcos de sucesso da COP.
A versão divulgada desse texto não faz menção ao mapa do caminho nem propõe soluções para a diminuição da dependência dos combustíveis fósseis – o que causou repercussão negativa entre diversas organizações e gerou rejeição por parte de alguns países. (veja repercussão abaixo)
Além do rascunho do mutirão, estão entre textos publicados:
- Transição justa
- Mitigação
- Meta global em adaptação
- Medidas de responsabilização
Organizações e países criticam mutirão
A divulgação dos rascunhos gerou muito repercussão entre organizações e também entre governos que trabalhavam por textos mais ambiciosos.
Ainda na noite de quinta-feira (20), mais de 30 países já haviam se pronunciado pressionando a Presidência da COP30 ao afirmar que não apoiariam um texto final da Cúpula que deixe de fora um mapa do caminho de transição global para longe dos combustíveis fósseis.
As delegações enviaram uma carta conjunta pedindo que o tema permaneça no rascunho político da conferência. No documento, países como Colômbia, França, Reino Unido, Alemanha e outros afirmam que “não podem apoiar um resultado que não inclua um mapa do caminho justo, ordenado e equitativo para deixar os combustíveis fósseis para trás”.
Como a publicação dos rascunhos, as críticas também vieram de organizações de defesa do meio ambiente.
O Greenpeace, por exemplo, afirmou que rejeita o texto do mutirão e pede a devolução do texto à Presidência para revisão.
“Havia esperança nas propostas iniciais dos mapas do caminho para acabar com o desmatamento e com os combustíveis fósseis, mas esses mapas desapareceram e estamos novamente perdidos, sem um roteiro concreto para atingir 1,5°C, tateando no escuro enquanto o tempo se esgota”, afirmou a diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali.
A Iniciativa do Tratado sobre Combustíveis Fósseis também criticou o texto. Segundo o movimento, que busca criar tratado internacional que ponha fim à exploração e produção de combustíveis fósseis, o texto atual está aquém do prometido pelo governo brasileiro.
Além disso, ressaltaram que as medidas propostas pelo rascunho são insuficientes considerando o impacto que as mudanças climáticas já exercem sobre milhões de pessoas em todo o mundo.
“A falta de um plano concreto para lidar com a produção de carvão, petróleo e gás só aumenta a urgência de um Tratado sobre Combustíveis Fósseis”, disse o presidente do movimento, Kumi Naidoo.
Em atualização.