Após os Estados Unidos recuarem nas tarifas de 40% sobre a importação de determinados produtos agrícolas brasileiros, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) insistirá na retirada das sanções aplicadas às autoridades, além da suspensão total da sobretaxa.
Desde o início da crise em julho, a gestão de Donald Trump retirou vistos de ministros do STF e do governo, além de aplicar a Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, relator da ação penal do plano de golpe na Corte, e sua esposa.
As sanções às autoridades brasileiras ocorreram sob a justificativa de que havia no Brasil uma perseguição a Jair Bolsonaro (PL), em prisão domiciliar desde agosto. Em setembro, ele foi condenado a 27 anos e três meses em regime fechado por tramar um golpe de Estado após perder a eleição presidencial para Lula.
Para integrantes da diplomacia brasileira, o fator Bolsonaro já foi superado nas negociações com os Estados Unidos. O governo sustenta que teve a oportunidade de esclarecer a real situação do ex-presidente e reafirma que ele teve direito a um julgamento justo. Defende ainda que não há mais razões políticas para manter a suspensão dos vistos e a Lei Magnitsky.
Ao anunciar a sobretaxa de 40% em julho, Trump citou Bolsonaro em sua carta direcionada a Lula, dizendo que havia um “caça às bruxas”. Ao retirá-la, com anúncio nesta quinta-feira (20), não voltou a mencionar o ex-presidente.
Desde que Trump se encontrou rapidamente com Lula nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em setembro, o presidente dos EUA não voltou a publicar sobre Bolsonaro, tampouco outras autoridades norte-americanas, como o chefe do Departamento de Estado, Marco Rubio.
A exceção foi quando Trump, na reunião de mais de uma hora com Lula na Malásia, disse que se sentia mal por Bolsonaro. A declaração foi dada quando questionado pela imprensa sobre o ex-presidente. “Sempre gostei dele, me sinto mal. Ele está passando por momentos ruins”, disse o americano no fim de outubro.
Como mostrou a CNN Brasil, o governo Lula contabilizou o recuo parcial dos Estados Unidos no tarifaço aplicado aos produtores brasileiros como resultado das negociações estabelecidas entre o petista e Donald Trump.
À CNN Brasil, fontes do Itamaraty que acompanham as tratativas com o governo americano classificaram a medida anunciada nesta quinta-feira (20) como um gesto inicial positivo desde a retomada do diálogo entre a Casa Branca e o Palácio do Planalto.
Em nota, o Itamaraty celebrou a retirada das tarifas a alguns produtos e disse que o Brasil seguirá mantendo negociações com os EUA com vistas à retirada das tarifas adicionais sobre o restante da pauta de comércio bilateral.
Já o empresário Paulo Figueiredo, que atuou nos Estados Unidos ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro por sanções ao Brasil, disse à CNN Brasil que Lula tenta capitalizar sobre a medida, que teria sido adotada devido às pressões internas de inflação nos Estados Unidos.