Bolsonaro e o aparelho de solda: ex-presidente fez curso de eletricidade à distância

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ter usado um ferro de solda para queimar a tornozeleira eletrônica que utilizava • Reprodução

Na audiência de custódia realizada neste domingo, o ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu que, em um episódio de “certa paranoia”, usou um ferro de soldar para mexer na tornozeleira. Bolsonaro justificou, entretanto, que “tem curso de operação desse tipo de equipamento”. Embora não tenha detalhado que curso seja esse, alguns detalhes biográficos do ex-presidente confirmam que Bolsonaro possui algum conhecimento de eletricidade.


O seu currículo oficial na Câmara dos Deputados aponta apenas uma formação incompleta em Educação Física, além da sua formação de oficial no Exército, incluindo especializações como paraquedista, mestre em Saltos, Mergulho Autônomo e de aperfeiçoamento. Mas, durante sua carreira política, Bolsonaro repetiu algumas vezes sobre dois cursos: um de Eletricidade, feito por correspondência, e outro de conserto de máquinas de lavar e geladeira.


Em 2018, por exemplo, em entrevista à Globonews, ele afirmou ter feito um curso profissionalizante de conserto de “máquina de lavar e geladeira” em Madureira, no Rio de Janeiro. A declaração, à época, gerou certa controvérsia porque Bolsonaro afirmou que poderia ganhar R$ 12 mil por mês com esse trabalho.


Não há registros, entretanto, desse curso feito por Bolsonaro em Maudereira além dessa entrevista. O presidente, contudo, também repetiu em alguns momentos que fez, antes de entrar no Exército, um curso por correspondência de Eletricidade no Instituto Universal Brasileiro. O IUB é considerado um dos primeiros institutos de ensino à distância no Brasil. À época em que Bolsonaro fez o curso, ele era realizado com envio de materiais por meio dos Correios.


O curso é citado tanto em biografias oficiais quanto pelo próprio Bolsonaro em diversos momentos. Em uma das biografias, escrita pelo seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, ao falar de sua aprovação na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, o parlamentar diz que “mesmo sendo pobre, sem ter dinheiro sequer para pagar um cursinho preparatório, [Bolsonaro] foi aprovado — [e além disso], por correspondência, fez eletricidade e português no Instituto Universal Brasileiro”, informa Flávio na biografia do pai.


Em maio de 2021, durante uma live, Bolsonaro novamente repetiu o mesmo relato.


“Tinha dificuldades com português, não tinha internet nessa época e ia estudar em biblioteca, enciclopédia Barsa, uma coisa fantástica. Tinha eletricidade também. Fiz Instituto Universal Brasileiro por correspondência. Fiz português e eletricidade”, afirmou.


No depoimento prestado durante sua audiência de custódia, Bolsonaro afirmou que em razão da interação de diferentes medicamentos estava com “alucinação” de que havia alguma escuta na tornozeleira.


“[O depoente responde] que tem o sono “picado” e não dorme direito resolvendo, então, com um ferro de soldar, mexer na tornozeleira, pois tem curso de operação desse tipo de equipamento. Afirmou o depoente que, por volta de meia-noite mexeu na tornozeleira, depois “caindo na razão” e cessando o uso da solda, ocasião em que comunicou os agentes de sua custódia”, aponta a ata da audiência.


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