O 4º Batalhão da PMDF (Polícia Militar do Distrito Federal) passou a ser considerado como opção para a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de reclusão no julgamento do plano de golpe. O local fica na região administrativa do Guará, a cerca de 15 quilômetros do centro de Brasília.
A informação foi confirmada à CNN Brasil por dois integrantes do alto escalão do Governo do Distrito Federal. A decisão final, porém, será do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O local é o mesmo onde o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres ficou preso entre 14 de janeiro e 11 de maio de 2023, quando ainda era investigado no mesmo caso. Torres também foi condenado na trama golpista.
O prazo de cinco dias para o último recurso da defesa do ex-presidente e outros seis condenados do chamado “núcleo crucial” foi aberto nesta terça-feira (18). Após essa etapa, o processo pode ser concluído (transitado em julgado) e o ministro Alexandre de Moraes deve determinar a execução da pena.
Para pessoas próximas à família Bolsonaro, o Batalhão da PM pode oferecer condições melhores do que as outras opções, como o Complexo Penitenciário da Papuda, uma carceragem da PF (Polícia Federal) ou uma sala de Estado-Maior de unidade militar do Exército.
Integrantes da cúpula da PM do DF, porém, dizem, sob reserva, não ver a ideia com bons olhos. Alegam que seria preciso aumentar o efetivo específico para cuidados com a segurança do local e com a saúde do ex-presidente, com médicos 24h por dia, diferente de um presídio que já tem essa estrutura. A corporação também teme manifestantes acampados como em 2022, após as eleições em que Bolsonaro foi derrotado.
Bolsonaro está em prisão domiciliar desde o início de agosto, no processo de coação à investigação. Aliados e familiares defendem que o ex-presidente permaneça em casa mesmo após a execução da pena por causa dos problemas de saúde.
Senadores aliados de Bolsonaro visitaram o Complexo da Papuda na segunda-feira (17) e divulgaram um relatório com o que alegam ser motivos para que o ex-mandatário não fique no presídio. Eles defendem que o ex-presidente fique em prisão domiciliar.
A comitiva de bolsonaristas que realizou a vistoria na Papuda foi formada por quatro senadores: Damares Alves (Republicanos-DF), Izalci Lucas (PL-DF), Márcio Bittar (PL-AC) e Eduardo Girão (Novo-CE).
No relatório, os congressistas disseram ter ouvido tanto dos agentes quanto dos presos “graves problemas” com a alimentação dentro do presídio, como “alimentos azedos” e a ausência de uma dieta balanceada.
A “cela”
Apontada como uma opção à Papuda, o Batalhão da PM no Guará tem espaço reservado para cela de autoridades. O local que abrigou Anderson Torres tem 20m², TV, frigobar, banheiro de dois metros quadrados, dois armários e um beliche.
O ambiente improvisado para receber Anderson Torres era utilizada pelo comandante do batalhão. A sala tem uma janela com vista para as árvores.
A CNN Brasil apurou que o corredor de acesso à cela é isolado e monitorado 24 horas por policiais. A porta principal dá acesso a uma sala de reuniões, com um sofá — com assento rasgado — e uma mesa com quatro cadeiras.
Segundo relatos à CNN Brasil, pelo menos por ora, nenhum novo preparo foi realizado para receber Bolsonaro.


