O governo dos Estados Unidos avalia lançar ataques contra instalações ligadas ao tráfico de drogas dentro da Venezuela, em mais um sinal de que o presidente Donald Trump está disposto a elevar o tom da pressão sobre o regime de Nicolás Maduro.
A informação foi revelada pela emissora CNN, que cita fontes do alto escalão da Casa Branca.
O plano surge no momento em que Washington envia o USS Gerald R. Ford, o maior porta-aviões do mundo, para a América Latina e o Caribe. A embarcação, com 333 metros de extensão e espaço para até 90 aeronaves, será acompanhada por um grupo de escolta, ampliando significativamente a presença militar norte-americana na região.
Recado a Caracas
O deslocamento da frota tem forte valor simbólico. É o mesmo porta-aviões usado por Trump em junho, quando ordenou ataques a alvos nucleares iranianos após semanas de tensão no Oriente Médio.
Agora, o movimento é interpretado como um recado direto a Maduro, que recentemente apelou publicamente por “paz” e acusou Washington de tentar “inventar pretextos” para uma intervenção.
Segundo fontes ouvidas pela CNN, Trump autorizou a CIA a atuar na Venezuela com operações sigilosas e análises de campo, reforçando a política de “tolerância zero” à presença de cartéis na América Latina.
Embora o presidente ainda não tenha dado sinal verde para ataques diretos, a hipótese militar já está sendo estudada pelo Conselho de Segurança Nacional.
Ataques e mortes no Caribe
Desde setembro, os Estados Unidos vêm realizando bombardeios contra barcos em águas internacionais, sob a justificativa de combater o narcotráfico.
De acordo com dados do Pentágono, 43 pessoas foram mortas em dez operações, mas o governo americano não apresentou provas concretas de que as embarcações estavam ligadas a organizações criminosas.
A escalada preocupa países vizinhos, que pedem explicações formais sobre as ações e alertam para o risco de violações da soberania. Juristas especializados em direito internacional classificam a ofensiva como “juridicamente frágil” e apontam que os EUA estão testando os limites da legalidade internacional.
Isolar Maduro
Para analistas ouvidos pela CNN, o objetivo de Trump seria desestabilizar a cúpula do chavismo, atingindo os aliados econômicos de Maduro e bloqueando as fontes de financiamento que sustentam o regime. A ofensiva militar seria, portanto, um instrumento indireto de mudança de regime.
A retórica mais agressiva de Trump se intensificou após ele classificar o presidente colombiano, Gustavo Petro, como “líder de drogas ilegais”. O ataque verbal foi seguido pelo bombardeio de uma embarcação atribuída à guerrilha colombiana ELN, e culminou, nesta sexta (24), com sanções diretas contra Petro e sua família.
O republicano justificou as medidas dizendo que o colombiano “contribui com a proliferação internacional de drogas”. Petro rebateu afirmando que foi punido “depois de combater o narcotráfico com eficiência por décadas”.













