O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chega a Washington nesta terça-feira (14) para um encontro, ainda sem data e horário definidos, com o secretário de Estado americano, Marco Rubio. O chanceler optou por seguir diretamente de Roma para os Estados Unidos para tentar destravar as negociações sobre o tarifaço imposto aos produtos brasileiros. Ele é um dos principais integrantes da comitiva que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem à Itália.
Vieira e Rubio conversaram por cerca de 15 minutos na semana passada, após o telefonema entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ocorrido há cerca de oito dias. Os dois mandatários combinaram de se reunir presencialmente nos próximos dias, provavelmente na Malásia, no fim deste mês, à margem da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Os chefes da diplomacia brasileira e americana deverão preparar o encontro entre os presidentes. Além da data e do local, Vieira e Rubio discutirão os temas que deverão constar da pauta da reunião entre Lula e Trump.
Intervenção na Venezuela
Se depender do presidente brasileiro, além do tarifaço sobre produtos do Brasil e das sanções aplicadas a cidadãos brasileiros — entre eles o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes —, entrarão na agenda uma possível intervenção militar dos EUA na Venezuela, a guerra entre Rússia e Ucrânia e o acordo de paz entre Israel e o grupo palestino Hamas.
A única exceção imposta por Lula é a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Trump havia condicionado a retirada da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros ao arquivamento do processo no STF que acusa Bolsonaro de tentativa de golpe de Estado.
Segundo auxiliares de Lula, há em Brasília a percepção de que os Estados Unidos estão corrigindo a rota por uma razão essencialmente pragmática: Washington teria percebido que não pode continuar relegando a relação com o Brasil.
Produtos mais caros
Produtos amplamente consumidos pelos americanos, como café e carnes, ficaram mais caros. Na conversa com Lula, Trump teria comentado que o povo americano “sente falta do café brasileiro”.
Além disso, interlocutores do governo brasileiro avaliam que a política de pressão conduzida pela Casa Branca não produziu os resultados esperados. Ainda assim, defendem cautela, à espera das próximas conversas entre autoridades dos dois países.
Lula participou, nesta segunda-feira, do Fórum Mundial da Alimentação, promovido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Também foi recebido pelo papa Leão XIV, no Vaticano.