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Empreender Acre: Política Pública para Criar Riqueza e Transformar Nosso Estado

O Acre ainda vive sob a sombra de uma crença limitante: a de que prosperidade depende exclusivamente do emprego público. Nos anos 1980, esse modelo fazia sentido — o Estado crescia, abria vagas e o sonho coletivo era ser gerente de Banco do Brasil. Mas hoje a realidade é outra. O Estado é grande empregador, mas já não tem orçamento para absorver a demanda crescente por trabalho. Se continuarmos presos a essa lógica, nosso futuro será pior que o presente, com jovens sem oportunidades, famílias sem alternativas e uma economia cada vez mais dependente.


O Empreender Acre surge como fundo estadual de apoio ao empreendedorismo e precisa ser instituído como política pública prioritária. O objetivo é simples e ousado: plantar uma nova cultura econômica, baseada na autonomia, na criatividade e na capacidade de gerar riqueza pelas próprias mãos. Esse impulso inicial do governo é indispensável para romper a inércia. Cabe ao Estado oferecer crédito acessível, capacitação e incentivo. Cabe à sociedade responder com inovação, esforço e ousadia.


A proposta se organiza em quatro grandes eixos estratégicos. O primeiro é a educação financeira e a formação empreendedora. Nas escolas, é fundamental inserir noções de finanças pessoais desde cedo, enquanto os jovens devem ser preparados para despertar aptidões empreendedoras por meio de cursos de inovação e negócios. Esse é o alicerce cultural que permitirá ao acreano compreender que a prosperidade pode e deve nascer do próprio trabalho e da capacidade de criar.


O segundo eixo é a estruturação turística de qualidade. O grande turista não viaja para ser mal hospedado ou comer mal; ele deseja experiências únicas e está disposto a pagar bem por tudo isso. É necessário investir em infraestrutura turística de alto nível — hotéis, pousadas de padrão internacional, restaurantes e experiências exclusivas — e, ao mesmo tempo, criar cursos de turismo e hospitalidade voltados à formação de guias bilíngues, chefs, gestores de hotelaria e profissionais de atendimento de excelência. Dessa forma, o Acre se posiciona como destino premium, atraindo grandes players do turismo mundial e integrando-se ao mapa dos destinos onde natureza e conforto caminham juntos.


O terceiro eixo é a criação de um grande festival amazônico, que una a tradicional Expoacre ao Festival Indígena Internacional em um único evento de escala global. A Expoacre deixaria de ser apenas uma feira agropecuária para se transformar em um festival híbrido, combinando negócios, inovação e empreendedorismo com cultura indígena, saberes tradicionais, gastronomia amazônica, turismo cultural, música e espetáculos no estilo Parintins. Um evento nesse formato tem potencial para transformar Rio Branco em vitrine nacional e internacional, atraindo turistas, investidores, pesquisadores e colocando o Acre definitivamente no mapa dos grandes festivais culturais e econômicos do continente.


O quarto eixo é a logística estratégica internacional. O Acre deve aproveitar sua posição geográfica privilegiada para se conectar a dois grandes fluxos turísticos já existentes: o do Peru, com Cusco, Vale Sagrado e Machu Picchu, e o de Manaus, com seus cruzeiros internacionais e o turismo amazônico brasileiro. Para isso, é preciso estruturar conexões aéreas e rodoviárias, fortalecer aeroportos e postos de fronteira, criando condições para que o Acre se torne rota obrigatória do turismo amazônico e andino.


O Empreender Acre é mais do que um fundo: é a semente de uma transformação social e cultural. O resultado será a entrada de dinheiro novo no Estado — turistas, investidores e empreendedores — sem depender do orçamento público para sustentar empregos artificiais. Esse movimento exige, sim, um impulso inicial do governo. Mas, uma vez iniciado, o ciclo virtuoso se retroalimenta: o empreendedorismo gera renda, que gera emprego, que gera arrecadação, que gera novos investimentos.


Se queremos um Acre forte e próspero, precisamos ousar agora. O futuro não será construído com a mesma mentalidade que nos trouxe até aqui. O Empreender Acre é a oportunidade de virar a página: de uma cultura de dependência para uma cultura de criatividade e inovação. Mais do que programas pontuais, é preciso criar um verdadeiro ecossistema de empreendedorismo e turismo sustentável, conectando educação, crédito, qualificação, infraestrutura, logística e um grande festival amazônico anual que una negócios, cultura e turismo. Ações isoladas tendem a se perder; mas, quando articuladas em um sistema integrado, com metas objetivas e prestação de contas, geram transformação duradoura. Assim, o Acre pode se posicionar como referência em empreendedorismo, ecoturismo premium e festivais culturais internacionais, atraindo riqueza, oportunidades e orgulho para o seu povo.


Marcello Moura é empresário, presidente do CDL Rio Branco e líder do movimento cidadania empreendedora.


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