Dados mais recentes do estudo “Controle do Câncer de Mama no Brasil: Dados e Números 2024”, elaborado pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), revelam que o Acre apresenta os piores indicadores em relação ao rastreamento e ao diagnóstico da doença, com baixa cobertura de exames e atrasos significativos na entrega de resultados.
A mamografia é o principal exame para a detecção precoce do câncer de mama. Até então, o rastreamento era recomendado a cada dois anos para mulheres entre 50 e 69 anos. Porém, na última semana, o governo federal anunciou a ampliação da oferta do exame pelo SUS, que passará a incluir mulheres a partir dos 40 anos, mesmo sem sintomas ou histórico familiar da doença.
Apesar da importância do rastreamento, em 2023 apenas 49% das mulheres acreanas de 50 a 69 anos, faixa etária até então recomendada para rastreamento, haviam realizado o exame, o menor índice do país e abaixo da média da RegiãoNorte, de 60,8%.
Outro entrave, segundo o estudo, é a lentidão na liberação dos resultados. Enquanto no Brasil 48,8% dos laudos de rastreamento foram entregues em até 30 dias, no Acre mais da metade 55 1% dos exames demorou mais de 60 dias. O atraso prejudica e pode comprometer o início do tratamento.
O quadro se repete nos exames de confirmação do diagnóstico. Apenas 9,7% dos laudos anatomopatológicos, obtidos por biópsia, foram liberados em até 30 dias no estado.
Nos casos de mamografia diagnóstica, solicitada diante de alterações suspeitas, 54,2% dos 108 exames realizados em 2023 tiveram resultado em até 30 dias, mas 26,2% ultrapassaram os 60 dias. No Nordeste, esse índice de laudos dentro do prazo é bem maior: 65,3%.
Ainda conforme a publicação, a dificuldade de acesso também é histórica. A Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 mostrou que 46,3% das mulheres acreanas entre 50 e 69 anos afirmaram que nunca haviam feito mamografia, o segundo pior índice do país, atrás apenas do Amapá (53,2%).
Um dos fatores que ajudam a explicar o cenário é a baixa disponibilidade de equipamentos. Embora o Brasil conte com mais de 3.400 mamógrafos públicos, o Acre possui apenas 19 em funcionamento, o que representa 0,84 aparelho para cada 100 mil usuárias do SUS, a menor densidade do país.
Além disso, outro gargalo enfrentado pelas pacientes oncológicas no Acre é a demora para iniciar o tratamento. No Brasil, a Lei n.º 12.732/2022 estabeleceu um prazo de até 60 dias entre a confirmação diagnóstica e o primeiro tratamento oncológico, mas, entre 2019 e 2023, 60% dos casos de câncer de mama no Acre ultrapassaram esse prazo.
Incidência e mortalidade
Ainda segundo a publicação, o câncer de mama é o tipo mais incidente entre mulheres no Brasil, com estimativa de 73.610 novos casos por ano no triênio 2023-2025, taxa ajustada de 41,89 por 100 mil.
No Acre, a taxa ajustada de incidência é bem menor: 26,2 por 100 mil, uma das mais baixas do país.
Em relação à mortalidade, o câncer de mama é a principal causa de morte por câncer entre mulheres brasileiras, com taxa ajustada de 12,3 óbitos por 100 mil em 2022.
No Acre, a taxa é de 7,5 por 100 mil (bruta) e 8,4 (ajustada), também entre as menores do Brasil.