Raimundo Prudêncio da Silva, de 61 anos, suspeito de assassinar a ex-mulher, Maria José de Oliveira, de 51 anos, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, afirmou em depoimento que não se lembrava do crime. Maria José levou uma facada no tórax.
A informação foi confirmada ao g1 nesta quinta-feira (25) pelo delegado Vinícius Almeida, da Delegacia de Atendimento à Mulher e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dempca) da cidade.
“Ele disse que não se lembrava de ter esfaqueado a vítima, alegou problema de memória, que sempre foi um bom pai e marido e negou as agressões relatadas pela ex-companheira e pelos filhos”.
O delegado destacou ainda que testemunhas relataram que, logo após o crime, o homem apresentou um comportamento frio e debochado, e chegou a rir da situação mesmo com a roupa cheia de sangue da vítima.
“[Mas] esse comportamento não ocorreu na delegacia. Foi relatado pelos filhos e por testemunhas que estavam no local no momento em que conseguiram contê-lo depois do feminicídio”, explicou.
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Maria José foi assassinada com golpe de faca; suspeito é ex-marido — Foto: Reprodução
Investigado por abuso sexual
O suspeito chegou a ser denunciado por estupro de duas filhas. As jovens contaram ter sido abusadas pelo pai quando tinham entre 10 e 12 anos.
Na época, conforme a Polícia Civil, o Ministério Público do Acre (MP-AC) se posicionou pela prisão dele. Contudo, a Justiça considerou que, pelo lapso temporal dos crimes relatados, o suspeito não representava risco imediato e negou a prisão, mas concedeu medida protetiva para Maria José.
“Relataram essa situação depois de alguns anos porque chegou ao conhecimento delas que ele estava abusando das irmãs que são menores de idade. Muito embora essas crianças hoje tenham negado que tivessem sofrido abuso pelo pai, na época, foi representado pela prisão preventiva, com as duas motivações: crime sexual e a violência doméstica“, explicou Vinicius Almeida.
Feminicídio
Maria José de Oliveira, de 51 anos, foi assassinada a facadas na manhã da última terça (23) na Rua Alita, no bairro Cruzeirão, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre. O principal suspeito do crime, Raimundo Prudêncio da Silva, é ex-marido da vítima, foi preso em flagrante e levado para delegacia da cidade.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e enviou uma ambulância para o local. Contudo, Maria José morreu no local. Em seguida, os médicos acionaram o Instituto Médico Legal (IML).
À Rede Amazônica Acre, o comandante do 5° Batalhão da Polícia Militar, tenente Tales Rafael, confirmou que a vítima tinha uma medida protetiva contra o ex-marido.
Ainda segundo o delegado, a mulher e os filhos tentavam se esconder do suspeito por temer a violência física e psicológica relatada por Maria José. A mulher denunciou que o suspeito a estuprava, cometia agressões físicas e a proibia de sair de casa.
“Esse feminicídio ocorreu na frente de três filhos menores de idade, com 8, 10 e 12 anos, e outros dois maiores de idade que estavam no local, que contiveram o autor e o seguraram até a chegada da polícia”, acrescentou o delegado.
A PM do Acre disponibiliza os seguintes números para denunciar casos de violência contra a mulher:
- (68) 99609-3901
- (68) 99611-3224
- (68) 99610-4372
- (68) 99614-2935
Veja outras formas de denunciar:
- Polícia Militar – 190: quando a criança está correndo risco imediato;
- Samu – 192: para pedidos de socorro urgentes;
- Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres;
- Qualquer delegacia de polícia;
- Secretaria de Estado da Mulher (Semulher): recebe denúncias de violações de direitos da mulher no Acre. Telefone: (68) 99930-0420. Endereço: Travessa João XXIII, 1137, Village Wilde Maciel.
- Disque 100: recebe denúncias de violações de direitos humanos. A denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa;
- Profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros, precisam fazer notificação compulsória em casos de suspeita de violência. Essa notificação é encaminhada aos conselhos tutelares e polícia;
- WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656- 5008;
- Ministério Público;
Fonte:G1 Acre