Os parlamentares que decidiram acompanhar presencialmente nesta terça-feira o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos outros sete envolvidos nos atos de 8 de janeiro, aproveitaram o momento para defenderem suas posições sobre o projeto de anistia que a tropa bolsonarista tenta votar no Congresso Nacional. E a polarização é mesma observada na análise do caso.
O líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), o único aliado de Bolsonaro que acompanha o julgamento, afirmou que o texto da anistia está sendo debatido entre os presidentes da Câmara e do Senado e líderes de partidos. E destacou que a oposição já tem as assinaturas da ampla maioria da Câmara para votar o projeto.
“Entendemos que a pauta tem que ser levada ao plenário. Ninguém está dizendo que tem que aprovar anistia, mas temos numero de assinaturas suficientes para colocar em votação. Então, por que não colocar?”, questionou.
Indagado por jornalistas se a minuta do projeto de anistia mudou, ele disse que ela ainda está sendo construída. “A única coisa que quero que entendam é que já temos hoje a maioria na Câmara, mais de 300 votos”, repetiu Zucco.
Mas para a deputada Jandira Feghali (PCdoB), o texto é um escândalo, referindo-se a uma minuta divulgada na semana passada. “Mas qualquer texto de anistia agora não se sustenta, é absolutamente inconstitucional e só levará a uma crise institucional, junto ao Supremo e à sociedade brasileira, porque a maioria da população não espera da Câmara uma atitude como esta”, disse.
O deputado Rogerio Correa (PT-MG) acredita que não vai haver anistia. Segundo ele, a oposição sabe que a Constituição não permite. “Não se pode anistiar aqueles que atentaram contra o estado democrático de direito”, acrescentou. Ele lembrou ainda que
presidente da Câmara, Hugo Motta (Repubicanos-PB), tem um compromisso com PT de não pautar o projeto de anistia.