O Acre sediou nesta terça-feira, 16, a abertura da primeira etapa da II Conferência Nacional do Trabalho, realizada no auditório do Sebrae, em Rio Branco (AC). O evento contou com a presença do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que destacou a importância de resgatar o debate sobre o mundo do trabalho no Brasil.
“Eu acho que o tema trabalho precisa ser resgatado da forma que nós precisamos enxergar o trabalho. A gente observa que o tema trabalho vem sendo um pouco, um tanto quanto, diminuído a sua importância. É só olhar o comportamento do Congresso Nacional e até do Supremo Tribunal Federal, muitas vezes, quando se fala do tema trabalho”, afirmou o ministro.
Segundo Marinho, as conferências nacionais são instrumentos históricos de construção de políticas públicas. Ele lembrou que, desde o primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as conferências têm servido como base para o desenho de políticas em áreas como saúde, educação, assistência social, igualdade racial e direitos humanos.
“O tema trabalho é um pouco diferente porque ele tem um formato completamente diferente. Ele é tripartite, então é um processo de negociação desde o primeiro momento do temário, buscando dialogar com os trabalhadores, empregadores e o governo, portanto, é praticamente um intermediário, um conciliador das ideias”, ressaltou.
Marinho recordou que o Ministério do Trabalho foi criado em 2005, no primeiro governo Lula, após a transformação da antiga Secretaria Especial. Desde então, apenas uma Conferência Nacional do Trabalho foi realizada, em 2013. “É uma capacidade de escuta muito grande, as lideranças dos empregadores, dos empresários e também das lideranças sindicais, do governo sindical, para escutar especialmente, entender e compreender a dinâmica do mundo do trabalho hoje. A inteligência artificial chegando, as novas tecnologias, as transições necessárias, seja climática, seja energética, tudo isso é preciso estar sendo escutado em uma conferência como essa”, afirmou.
O ministro reforçou que a escolha do Acre como ponto de partida simboliza o compromisso do governo federal em incluir todos os estados no debate. “Eu fiz questão de vir e abrir a primeira conferência para demonstrar para todos os estados o grau de importância que nós queremos delegar, queremos chamar a atenção e empoderar para que as lideranças, de parte a parte, participem com a lógica da construção do entendimento. Seguramente, o Acre tem muito a ganhar quando você junta o governo do estado, os empresários, lideranças e o governo federal. Nós temos demonstrado, através da liderança do presidente Lula, que nós enxergamos todo o território nacional, não esquecendo ninguém. E aqui vocês são testemunhos dos investimentos que o governo Lula traz para cá”, salientou.
Durante o evento, Marinho fez questão de destacar investimentos específicos para o estado. “E aqui, hoje, nós vamos trazer uma notícia.. A primeira vez, o Acre recebe recursos do Sine. Então, amanhã deve estar caindo na conta do estado com dois programas, na ordem de R$ 1 milhão, para a gente poder estruturar e organizar. A rede sine tem a tarefa de orientar empresas e trabalhadores, preparar a interação, integração entre eles, lá na ponta, para os empregos gerados, orientar, chamar a atenção de quem está procurando trabalho”, reforçou.

Foto: David Medeiros/ac24horas
O ministro também comemorou os recentes dados do IBGE, que apontam o menor índice de desocupação da história do país.
“No momento em que nós temos o menor índice de desemprego da nossa história, hoje saiu o IBGE, cerca de 6 milhões e pouco no Brasil. Mas nós queremos mais, nós queremos continuar crescendo, queremos gerar ocupação, trazer eventuais segmentos da população que não estão se colocando à disposição do trabalho, através de melhorar a estrutura pública que pode ser oferecida”, destacou.
Entre os desafios apontados, ele destacou a necessidade de criar melhores condições para mulheres ingressarem no mercado de trabalho e reforçou a defesa de reformas voltadas à distribuição de renda. “Nós precisamos avançar no processo de distribuição de renda, porque isso poderá levar a um país onde não tenhamos mais pobreza. Não justifica a fome e a pobreza em um país tão rico como o Brasil. Pensar nessas possibilidades, acenar para o futuro, quais reformas necessitamos. Será da renda? Esse conflito que existe entre a elite brasileira e o povão precisa ser enfrentado. Só o voto, só o processo democrático pode reformar o Congresso e facilitar a vida no processo de distribuição de renda”, finalizou.
Durante a conferência, o superintendente regional do Trabalho no Acre, Leonardo Lani de Abreu, também destacou o caráter histórico da realização do evento no estado. “O objetivo da conferência é abrir as rodadas estaduais da Conferência Nacional do Trabalho, que vai ser realizada em março do ano que vem, em São Paulo. Então, é a primeira das 27 conferências que vão ser realizadas por todo o Brasil, que inaugura essa ideia do diálogo social tripartite entre empregadores, trabalhadores e o poder público”, pontuou.
Lani lembrou ainda que a vinda do ministro ao Acre reforça a atenção do governo federal à região. “O fato do ministro estar presente, em meados de agosto eu estive na Conferência Nacional de Economia Solidária, o visitei no seu gabinete e o convidei para vir para cá. Eu falei que o presidente Lula tinha acabado de visitar o estado para anunciar mais de 1 bilhão de investimentos, e uma pessoa da alta administração vindo logo em seguida representa e indica para a população acreana que o poder público federal está sensível às suas necessidades”, finalizou.