“Impunidade não é pacificação”: Moraes dá tom no início do julgamento de Bolsonaro

Ministro Alexandre de Moraes. Foto: Luiz Silveira/STF

O ministro Alexandre de Moraes abriu nesta terça-feira (2) o julgamento do chamado “núcleo crucial” da suposta trama golpista de 2022, que tem entre os réus o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Relator do caso, Moraes iniciou a sessão com a leitura de seu relatório, um resumo das investigações e das etapas do processo.


Logo em sua primeira fala, Moraes destacou o papel do Supremo Tribunal Federal (STF) na proteção da democracia e da soberania nacional. “Eu chego a hoje, em 2025, quase 37 anos da Constituição de 1988 e 40 anos da redemocratização, com uma democracia forte, as instituições independentes, uma economia em crescimento e a sociedade civil atuante”, disse.


Para o ministro, estabilidade institucional não significa ausência de conflitos, mas sim respeito à Constituição e às garantias fundamentais.


Ao comentar as acusações, o relator frisou que a Corte não pode recuar diante de ataques às instituições.


“A pacificação do país, que é o desejo de todos nós, depende do respeito à Constituição, da aplicação das leis e do fortalecimento das instituições. Não há possibilidade de se confundir a saudável e necessária pacificação com a covardia do apaziguamento, que significa impunidade e desrespeito à Constituição Federal e, mais, incentivo a novas tentativas de golpe de Estado.”


Moraes também ressaltou que cabe ao Supremo julgar com base nas provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).


“Existindo provas, acima de qualquer dúvida razoável, as ações penais serão julgadas procedentes e os réus condenados. Havendo prova da inocência ou mesmo qualquer dúvida razoável sobre a culpabilidade dos réus, os réus serão absolvidos. Assim se faz a justiça.”


Na sequência, o ministro mencionou o balanço das ações já julgadas sobre os atos de 8 de janeiro de 2023: “Nessas 1.630 ações penais, já ocorreram 683 condenações, 11 absolvições, 554 acordos de não persecução penal e ainda permanecem 382 ações em andamento.”


Moraes aproveitou ainda para reforçar a independência do STF em meio a pressões externas, numa referência às sanções impostas pelos Estados Unidos a ministros da Corte.


“Essa coação, essa tentativa de obstrução, não afetarão a imparcialidade e a independência dos juízes desse Supremo Tribunal Federal, que darão, como estamos dando hoje, a normal sequência no devido processo legal.”


Ele encerrou sua fala inicial enfatizando que o Supremo será “absolutamente inflexível” na defesa da soberania nacional.


“A soberania nacional não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida, pois é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil expressamente previsto no inciso primeiro do artigo primeiro da Constituição Federal.”


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