Governo Lula foca em polarização política nos EUA para proteger país de novas sanções

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa durante cerimônia de assinatura de medida provisória que estabelece um conjunto inicial de ações para mitigar o impacto econômico da decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de aumentar as tarifas de importação de produtos brasileiros em até 50%, no Palácio do Planalto, em Brasília, Brasil, em 13 de agosto de 2025. REUTERS/Adriano Machado

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conta com o acirramento da polarização política nos Estados Unidos, com baixa aprovação do presidente Donald Trump e viés de alta na popularidade de Lula, para tentar escapar do tarifaço americano. Interlocutores envolvidos no assunto afirmam que este momento deve ser aproveitado com o reforço dos contatos com congressistas da oposição a Trump.


A avaliação é que, com a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta-feira, a crise escalou, com o aumento de ameaças e ataques ao Judiciário brasileiro. Assim que terminou o julgamento de Bolsonaro, Trump declarou que a decisão do Supremo foi “terrível”. Nas redes sociais, o secretário de Estado, Marco Rubio, sinalizou que novas sanções devem ser aplicadas a autoridades brasileiras, e seu vice, Christopher Landau, escreveu que as relações entre Brasil e EUA estão no “ponto mais sombrio em dois séculos”.


Com as portas da Casa Branca fechadas, os diplomatas e negociadores brasileiros buscam não apenas parlamentares do Partido Democrata. Têm mantido contatos com os congressistas do chamado “caucus Brazil” — grupo informal de deputados e senadores, democratas e republicanos (legenda de Trump), com interesse em temas relacionados ao Brasil.


Integrantes do governo Lula afirmam que os contatos com Washington, para que seja negociado um acordo que amplie a quantidade de produtos brasileiros livres da sobretaxa de 50% em vigor desde o mês passado, continuam, mas são infrutíferos. Até o julgamento de Bolsonaro, a Casa Branca condicionava uma conversa ao arquivamento do processo contra o ex-presidente.


Com a condenação do ex-presidente a 27 anos de prisão, não se sabe o que os EUA farão a partir de agora. A expectativa é que novas sanções contra autoridades brasileiras sejam adotadas. Hoje, o principal alvo é o ministro do STF Alexandre de Moraes, que é relator da ação contra Bolsonaro.


Diante desse cenário, a estratégia é angariar apoio de quem está aberto ao diálogo com o governo brasileiro — no caso, a oposição. De acordo com diplomatas ouvidos pelo GLOBO, a impressão é de que os democratas se deram conta da relevância do tema e do “gritante absurdo” que é essa ofensiva contra o Brasil.


Um movimento comemorado em Brasília foi de um grupo de deputados democratas americanos, que publicaram uma carta, na noite de quinta-feira, em que acusam Trump de usar o tarifaço contra o Brasil para proteger Bolsonaro. Os EUA deveriam apoiar o povo brasileiro e não interferir nas instituições democráticas brasileiras, “tendo imposto uma tarifa ilegal de 50% ao país para manipular esse processo judicial”.


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