O procurador-geral da República, Paulo Gonet, fez críticas nesta terça-feira ao acordo de delação premiada de Mauro Cid ao realizar sua sustentação oral no julgamento da ação penal da trama golpista. Gonet destacou que a defesa de Cid tentou diminuir a participação dele nos fatos investigados e afirmou que não existe uma “testemunha premiada”
— Sabidamente, o acordo de colaboração é negócio jurídico em que o réu reconhece a prática dos delitos. Daí ser de desprezar, por paradoxal, a negativa expressa no instante das alegações finais de participação no empreendimento criminoso delatado. Não custa recordar que não existe entre nós a figura da mera testemunha premiada.
De acordo com Gonet, os relatos apresentados por Cid, que é foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foram “úteis”, mas disse que a maior parte das descobertas da investigação foi feita de forma independente.
— Os relatos de Mauro Cid foram úteis para o esclarecimento dos fatos relacionados à investigação. Embora a Polícia Federal tenha descoberto a maior parte dos eventos descritos na denúncia de forma independente, a colaboração de Mauro Cid acrescentou-lhes profundidade. A manifestação final da procuradoria buscou, entretanto, refletir o valor da contribuição ao processo investigativo, ponderando omissões percebidas.