O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), deu um recado direto ao mundo político ao participar, nesta segunda-feira (15), de um ato em São Paulo em defesa da democracia e contra a anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro. O evento foi organizado pelo Fórum Direitos Já e reuniu representantes de 11 partidos.
Sem citar nomes, Gilmar criticou a estratégia de setores bolsonaristas que articulam candidaturas ao Senado para viabilizar pedidos de impeachment contra ministros da Corte. “Impeachment não pode ser usado como vingança por um voto. O Supremo não aceitará esse tipo de intimidação”, afirmou.
O ministro disse que o movimento ganha importância no momento em que o país enfrenta pressões externas e internas contra suas instituições. “Não se pode interromper julgamentos em nome de interesses políticos. A democracia precisa ser resguardada desses ataques”, declarou.
Em tom irônico, Gilmar comparou a pressão sobre o Brasil à possibilidade de exigir que os Estados Unidos divulgassem os chamados “Epstein files” em meio a negociações comerciais, classificando a hipótese como “absurda”.
Questionado sobre sua presença no plenário da Primeira Turma durante o julgamento que condenou Jair Bolsonaro e outros sete aliados, o ministro disse que a imagem traduz a coesão do tribunal. “O fundamental é perceber que estamos unidos na defesa da democracia”, concluiu.