FGTS ou Previdência Privada? O custo de deixar o governo decidir pelo trabalhador

Todo mês, quem ganha R$ 5.000,00 tem R$ 400,00 depositados ao FGTS. O valor não vai para o bolso do trabalhador, mas para um fundo administrado pelo governo, com rendimento de apenas 3% ao ano + TR. Parece um direito, mas na prática é um empréstimo compulsório com retorno negativo.


Antes de pensarem que é despesa do empregador, lembrem que poderia ser incorporado ao salário.


Ao permanecer no FGTS, o trabalhador vê seu dinheiro render muito pouco. Embora os depósitos se acumulem por décadas, o retorno final é desanimador: em quarenta anos, o saldo mal chega a pouco mais de trezentos mil reais nominais, mas quando corrigido pela inflação equivale a pouco mais de setenta mil reais em valores de hoje. Em outras palavras, uma vida inteira de trabalho resulta em um patrimônio que não garante nem de perto uma aposentadoria digna, servindo apenas como um pequeno reforço financeiro. O FGTS funciona, portanto, como um mecanismo de rentabilidade negativa, que retira poder de compra do trabalhador ao longo do tempo.


Se esse mesmo valor de quatrocentos reais mensais fosse aplicado diretamente pelo trabalhador em um plano de previdência privada, o resultado seria radicalmente diferente. Mesmo em um perfil conservador, o montante final ao longo de quarenta anos já seria o dobro do que se obteria no FGTS, garantindo uma reserva muito mais significativa em termos reais. Em opções moderadas ou agressivas, o patrimônio acumulado poderia chegar a mais de um milhão e meio de reais nominais, o que, corrigido pela inflação, representaria várias vezes o poder de compra oferecido pelo fundo administrado pelo governo. Nesse caso, o esforço mensal do trabalhador se converteria em capital próprio, com rendimento crescente ao longo do tempo e possibilidade de garantir uma aposentadoria sólida e digna, em vez de depender de um mecanismo de baixo retorno.


Enquanto o FGTS transforma o trabalhador em financiador de obras públicas, crédito barato e com grande desvio de finalidade, entregando de volta apenas um patrimônio simbólico, a previdência privada oferece a chance de construir riqueza individual, sustentada pelos juros compostos e acumulada ao longo da vida laboral. O que no FGTS funciona como custo oculto, na previdência privada se traduz em renda futura real.


Se o trabalhador tivesse liberdade para aplicar o equivalente ao FGTS em previdência privada, sua aposentadoria poderia ser duas, três ou até cinco vezes maior. O FGTS, portanto, não é um direito: é uma armadilha financeira que retira do trabalhador a chance de construir riqueza com o próprio esforço.


O modelo atual precisa ser repensado. É urgente discutir mudanças nas leis trabalhistas e previdenciárias que devolvam ao trabalhador o poder de decidir sobre seus próprios recursos, permitindo que ele transforme compulsão em investimento e custo em patrimônio. Somente com essa liberdade financeira será possível garantir aposentadorias mais dignas e uma qualidade de vida compatível com o esforço de décadas de trabalho. Mais do que uma reforma econômica, trata-se de uma resposta necessária a um histórico de crises, desvios e má gestão que corroem a confiança no uso desses recursos. Reformar o FGTS não é apenas uma questão técnica: é uma medida de justiça social e de responsabilidade com o futuro dos brasileiros.
INVESTIMENTOS são o 4º pilar da educação financeira.


Marcello Moura é empresário, presidente do CDL Rio Branco e líder do movimento CIDADANIA EMPREENDEDORA.
Www.cidadaniaemreendedora.com.br


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