O dólar à vista opera em forte queda frente ao real nesta terça-feira (23), após presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que terá um encontro com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na próxima semana. O mercado reagiu positivamente à notícia, interpretando-a como um sinal de possível aproximação diplomática entre Brasil e Estados Unidos, que enfrentam tensões comerciais.
Trump contou que chegou a se encontrar rapidamente com Lula antes do início da sessão em Nova York e fez elogios ao petista. “Eu gosto dele e ele gosta do Brasil. Ele me pareceu um homem muito agradável”, afirmou o republicano, ao confirmar a reunião.
Qual a cotação do dólar hoje?
Às 12h05, o dólar à vista tinha leve alta de 0,85%, a R$ 5,293 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento DOLc1 tinha queda de 0,80%, a R$ 5,302.
Dólar comercial
- Compra: R$ 5,293
- Venda: R$ 5,293
O que aconteceu com dólar hoje?
Após passar a maior parte da manhã próximo à estabilidade, a moeda americana passou a operar em forte queda frente ao real, após o anúncio de um encontro entre Lula e Trump na próxima semana.
A sinalização de diálogo ocorre em meio à pior crise diplomática recente entre os dois países. Na véspera, a Casa Branca anunciou novas sanções contra autoridades brasileiras ligadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo a aplicação da Lei Magnitsky à esposa do ministro Alexandre de Moraes, Viviane Barci de Moraes, e ao Instituto Lex, vinculado à família do magistrado.
Em seu discurso de abertura da Assembleia, Lula criticou medidas unilaterais e ataques à soberania brasileira, num recado direto ao governo americano. Para o petista, “não há justificativa para agressões contra nossas instituições e nossa economia”.
Ainda não há informações sobre a data e a pauta da reunião bilateral, mas a aposta é de que a conversa possa girar em torno do tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras, das sanções contra ministros do STF e de possíveis pontos de cooperação, como clima e comércio.
Se confirmado, será o primeiro encontro bilateral formal entre Trump e Lula desde a volta do republicano à Casa Branca em janeiro deste ano.
Mais cedo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou que o Banco Central, após avaliar os efeitos acumulados do choque de juros, entrou agora em um “novo estágio” da política monetária que prevê taxa Selic inalterada por longo período para buscar a meta de inflação.
“Agora, na medida em que o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê inicia um novo estágio em que opta por manter a taxa inalterada e seguir avaliando se, mantido o nível corrente por período bastante prolongado, tal estratégia será suficiente para a convergência da inflação à meta”, destacou a ata.
Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, o BC assumiu “com mais clareza” que o ciclo de elevações da Selic está encerrado.
“É claro que ele deixa uma abertura dizendo que se precisar aumentar, ele vai. Mas o registro de modo geral mudou. Agora é um registro de um Copom que vai esperar para ver o que a firme elevação da taxa de juros vai trazer para a economia brasileira”, disse Gala.
No mercado de câmbio, a avaliação é de que a Selic a 15%, juntamente com mais cortes de juros pelo Federal Reserve, torna o diferencial de juros do Brasil ainda mais atrativo para os investidores internacionais, o que mais recentemente permitiu que o dólar se aproximasse dos R$5,30.
Durante entrevista nesta manhã ao ICL Notícias, Haddad ponderou, no entanto, que os juros no Brasil não deveriam estar em 15% e que há espaço para cortes. O ministro pontuou ainda que o Brasil não tem dificuldade de colocar seus produtos em outros mercados diante da vigência da tarifa implementada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
A arrecadação do governo federal teve queda real de 1,50% em agosto sobre o mesmo mês do ano anterior, somando R$ 208,791 bilhões, na primeira retração registrada neste ano.