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Diplomacia dos EUA intensifica ataques a Moraes e sinaliza novas sanções ao Brasil

Christopher Landau, vice-secretário de Estado dos EUA - Foto: REUTERS/Luis Cortes/File Photo

A crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos voltou a escalar nesta quarta-feira (17). O vice-secretário de Estado americano, Christopher Landau, publicou mensagem nas redes sociais acusando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de estar “descontrolado” e pediu que autoridades brasileiras “controlem” o magistrado, sob o risco de destruição da relação bilateral construída há mais de dois séculos.


O texto foi replicado pelo perfil oficial da Embaixada dos EUA no Brasil e respondeu a notícias sobre um suposto pedido de prisão contra uma cidadã americana de origem brasileira que teria criticado o STF. Landau acusou Moraes de cometer violações de direitos humanos e de usar o Judiciário para perseguir adversários políticos.


Escalada de críticas oficiais

A ofensiva do número 2 da diplomacia americana ocorre em paralelo às declarações de Marco Rubio, secretário de Estado, que em entrevista à Fox News classificou os ministros do STF como “juízes ativistas”. Sem citar nomes, Rubio disse que um deles tentou impor decisões a cidadãos americanos e sinalizou que novas medidas de retaliação contra o Brasil serão anunciadas na próxima semana.


Nos últimos meses, Moraes já havia sido incluído na lista de sanções da chamada Lei Magnitsky, que prevê restrições financeiras a indivíduos acusados de corrupção ou violações de direitos humanos. A decisão resultou, entre outros efeitos, no bloqueio de cartões de crédito de bancos brasileiros emitidos por bandeiras americanas.


Além disso, sete ministros do STF tiveram vistos suspensos, com exceção de Luiz Fux, Kassio Nunes Marques e André Mendonça.


Reação brasileira

Durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus do núcleo central da trama golpista, Moraes reafirmou a soberania do país e criticou tentativas de interferência externa. Lula, por sua vez, tem buscado explorar o contraste entre a pressão de Washington e a narrativa de que o Brasil manteve sua independência institucional.


Em reunião com líderes do Brics, chegou a acusar Trump de praticar “chantagem tarifária” após impor sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros.


Nos bastidores, auxiliares do Planalto esperam que a nova rodada de medidas americanas tenha como alvo autoridades específicas, repetindo a estratégia aplicada contra Moraes.


Há receio também de que setores estratégicos, como o agronegócio, passem a ser atingidos — sobretudo em razão da dependência do Brasil de fertilizantes russos, em um contexto em que Washington pressiona países aliados a reduzir laços comerciais com Moscou.


ONU como palco político

A escalada ocorre às vésperas da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, onde Lula fará o discurso de abertura no próximo dia 23. O encontro é visto pelo governo como oportunidade de reforçar o compromisso brasileiro com a democracia e de avançar na articulação da COP30, marcada para novembro em Belém.


Em artigo recente no New York Times, Lula afirmou que o país está aberto a negociar com os EUA em busca de benefícios mútuos, mas advertiu que “a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta”. O presidente voltou a elogiar a decisão do STF, que classificou como histórica para a proteção das instituições brasileiras.


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