A CPMI do INSS entra em uma fase decisiva nesta segunda-feira (8), quando ouvirá o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi. O depoimento deve girar em torno de sua gestão à frente da pasta entre 2023 e 2025 e da responsabilidade na apuração de desvios em benefícios previdenciários que podem ter causado um rombo de R$ 6,3 bilhões.
O esquema, revelado pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), envolvia descontos não autorizados em aposentadorias e pensões, validados por entidades que teriam forjado cadastros sem possuir capacidade real de prestar serviços.
O epicentro da crise
Lupi pediu demissão em 2 de maio, nove dias após a PF deflagrar uma operação contra as fraudes. Sua saída veio em meio à pressão política e à fritura no governo Lula, que também afastou o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, aliado do ex-ministro.
Embora não tenha sido formalmente citado nas investigações, Lupi passou a ser questionado por suposta omissão diante de alertas. O Jornal Nacional revelou que informações sobre descontos irregulares em aposentadorias chegaram ao Conselho Nacional de Previdência Social, presidido por Lupi, mas não tiveram encaminhamento durante todo o ano de 2023.
O episódio se soma a críticas antigas à sua gestão, especialmente pelo fracasso em zerar a fila de perícias médicas do INSS, promessa central quando assumiu o cargo.
A disputa política no Congresso
A convocação de Lupi acirra o tom político da CPMI. A oposição aposta em atrelar o escândalo diretamente ao governo Lula, enquanto a base governista insiste que os desvios começaram antes da atual gestão.
Para o relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o depoimento será “imprescindível” para avançar nas investigações. “O ex-ministro tem informações que podem esclarecer pontos centrais do esquema e o grau de responsabilidade da alta cúpula da Previdência”, afirmou.
O que disse Lupi
Na carta em que anunciou sua saída, Lupi alegou que apoiou todas as apurações e reforçou que seu nome não aparece nas investigações.
“Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento. Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por mim, pela Previdência e pelos órgãos de controle do governo Lula”, escreveu.