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Com aceno a Lula e decreto de Trump, setor do café vê chance de retirada de tarifas

Trabalhador carrega saca de café em fazenda perto de Brasília em 15 de julho de 2025 — Foto: Reuters/Adriano Machado

Quase dois meses após o tarifaço de Donald Trump, o setor do café brasileiro voltou a ter esperança de que as exportações aos Estados Unidos serão retomadas.


Entidades do setor como a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) e o Conselho de Exportadores de Café (Cecafé) apontam dois fatores, que estão ligados, por trás do otimismo:


  • um decreto assinado por Trump no começo de setembro que inclui o café entre produtos que poderiam ter tarifas zeradas;
  • o aceno do líder americano ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia-Geral da ONU, na terça-feira (23), citando a possibilidade de uma reunião entre os dois.

Trump discursou na ONU logo após o brasileiro. Em sua fala, o líder americano disse que teve “uma química excelente” com Lula e mencionou que ambos concordaram em se reunir na próxima semana. A data e o formato ainda não foram definidos.


Decreto abre espaço para isenção

No dia 5 de setembro, Trump assinou um decreto sobre as chamadas “tarifas recíprocas”, como o governo dos EUA classifica o tarifaço. Entre outros pontos, o texto inclui uma lista de produtos, como café e cacau, que podem ser isentos de taxas.


A relação inclui itens que os EUA não conseguem cultivar, como o café. O país é o maior consumidor da bebida no mundo, mas quase não cultiva o grão.


A possibilidade de isenção já havia sido citada em julho pelo secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e agora foi oficializada pelo governo.


O próprio decreto de Trump, no entanto, deixa claro que a isenção só ocorrerá se o outro país concluir um acordo comercial com os EUA. Por isso, a chance de negociação entre Lula e Trump após a ONU aumentou o otimismo do setor.


Setor vê chance de retomada

O acordo bilateral poderia destravar a exportação de café do Brasil aos EUA. Até a imposição da taxa, o Brasil era o principal fornecedor do café para os EUA e detinha cerca de um terço do mercado norte-americano.


Para a Abic, o decreto reconhece que países que fecharem acordo comercial com os EUA poderão vender café “com absoluta isenção de tarifas”.


“Antes, nós não víamos perspectivas de isso acontecer. Mas considerando o encontro na ONU, e a ‘química’ entre os dois, como disse o Trump, vamos aguardar. Se houver alguma sinalização, algum acordo, teremos potencialmente o café como prioridade”, diz Pavel Cardoso, presidente da Abic.


“O café está no radar dos dois presidentes, sem dúvida. Então, depende tão somente da questão política para esse nó ser desatado”, acrescenta.


 


Para Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé, a fala de Trump sobre reunião com Lula trouxe ânimo ao mercado, já que o café está na lista de possíveis isenções.


“O decreto aponta o café como um produto não disponível para os EUA e que agrega muito valor para a indústria norte-americana. Então, a retomada de diálogo é fundamental para a concretização de um acordo bilateral”, afirma.


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