posto village ezgif.com gif to avif converter

Atos de Bolsonaro revelam “nítida organização criminosa” contra democracia, diz PGR

Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, no Julgamentos da Ação Penal 2668 - Núcleo 1 Foto: Rosinei Coutinho/STF

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou nesta terça-feira (2) que os atos investigados no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados evidenciam a existência de uma “nítida organização criminosa” dedicada a tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.


“A cooperação entre os denunciados para esse objetivo derradeiro, sob a coordenação, inspiração e determinação do ex-presidente da República, torna nítida a organização criminosa em seu significado penal”, afirmou Gonet ao iniciar sua sustentação oral no Supremo Tribunal Federal (STF).


Segundo o procurador-geral, os fatos descritos na denúncia não foram “devaneios utópicos” nem iniciativas isoladas, mas sim uma sequência articulada de ações voltadas à ruptura democrática.


“Não podem ser tratados como atos de importância menor, como aventuras inconsideradas. O que está em julgamento são atos que devem ser considerados graves enquanto quisermos manter a vivência de um Estado democrático de direito”, afirmou Gonet.


O procurador-geral ressaltou que punir tentativas frustradas de golpe é fundamental para evitar novas ameaças às instituições.


“Punir a tentativa frustrada de ruptura com a ordem democrática estabelecida é imperativo para a estabilização do regime e expõe a tenacidade da cidadania pela continuidade da vida pública”, disse.


Segundo Gonet, Bolsonaro usou sua posição como presidente para mobilizar militares e pressionar comandantes das Forças Armadas a avalizar medidas de exceção. “O Presidente da República, comandante maior das Forças Armadas, reuniu os mais altos militares das três forças para dar-lhes a conhecer seus planos.”


Para Gonet, as tentativas frustradas de golpe precisam ser reprimidas criminalmente para evitar novos episódios autoritários. “Não reprimir criminalmente tentativas dessa ordem recrudesce ímpetos de autoritarismo e põe em risco o modelo de vida civilizada”, disse.


O chefe da PGR frisou ainda que o crime de golpe de Estado não exige um decreto oficial ou ordem assinada pelo então presidente para se configurar.


“A tentativa se revela na prática de atos e ações dedicadas ao propósito da ruptura das regras constitucionais sobre o exercício do poder, com apelo ao emprego da força bruta, real ou ameaçada. Não é preciso um esforço extraordinário para reconhecer que, quando o presidente da República e depois o ministro da Defesa convocam a cúpula militar para apresentar documento de formalização de golpe de Estado, o processo criminoso já está em curso.”


Na abertura de sua fala, Gonet frisou que o julgamento representa um momento em que a democracia brasileira se coloca em “defesa ativa” contra investidas violentas.


“O Brasil assume a sua defesa ativa contra tentativa de golpe apoiada em violência ameaçada e praticada. A ordem exposta na Constituição dispõe de meios institucionais para atacar investidas contra ela própria. O controle de constitucionalidade é uma dessas formas.”


O julgamento

A sustentação de Gonet ocorreu após a leitura do relatório do processo feita pelo relator, ministro Alexandre de Moraes, que levou cerca de 1h40. Moraes destacou que “nenhuma tentativa de obstrução” afetará a imparcialidade do Supremo e afirmou que a fase de instrução da ação penal revelou “materialidade e indícios de autoria” dos crimes atribuídos a Bolsonaro e seus aliados.


O procurador-geral tem até duas horas para defender a condenação dos oito réus. Em seguida, cada advogado de defesa terá uma hora para se manifestar. Depois disso, inicia-se a votação: Moraes será o primeiro a votar, seguido por Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e, por último, Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma.


Quem são os réus

Além de Bolsonaro, respondem na ação:
• Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Abin;
• Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
• Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF;
• Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
• Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
• Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
• Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, candidato a vice-presidente em 2022.


Eles respondem a cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. No caso de Ramagem, parte das acusações está suspensa por decisão da Câmara dos Deputados.


Compartilhar

Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
cedimp otimizado ezgif.com gif to avif converter

Últimas Notícias