O Acre ocupa as últimas posições entre os estados brasileiros com relação a oferta de equipamentos de radiologia e diagnóstico por imagem. É o que revela o Atlas da Radiologia no Brasil 2025, elaborado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), com base em dados do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Com população estimada em 880,6 mil habitantes, dos quais 95% dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS), o estado enfrenta forte desigualdade no acesso a exames essenciais como raio-X, tomografia, ressonância magnética e ultrassonografia. Os dados do estudo são de 2024.
No Brasil, existem 33.287 aparelhos de raio-X, sendo 31.570 em uso e 18.885 disponíveis no SUS. A média nacional é de 14,95 aparelhos por 100 mil habitantes, com destaque para o Rio de Janeiro (20,74), Rondônia (18,78) e São Paulo (18,44).
No Acre, a densidade é de apenas 6,46 aparelhos por 100 mil usuários do SUS, uma das piores do país.
O Indicador de Desigualdade Público-Privado (IDPP), que mede a diferença de acesso entre pacientes da rede pública e da privada, reforça essa disparidade. Enquanto em São Paulo o índice é de 1,62, no Acre sobe para 11,29, mostrando uma dependência extrema do setor privado.
Segundo o Atlas, em 2024, o país tinha em 7.178 tomógrafos, com densidade média de 3,38 aparelhos por 100 mil habitantes. No Acre, a densidade para usuários do SUS é de apenas 1,20, aparelhos por 100 mil habitantes, a menor do Brasil.
O IDPP também é alarmante, chegando 18,47. Isso significa que os beneficiários de planos de saúdeno Acre têm 18 vezes mais acesso ao exame do que os usuários do SUS .
Acre tem apenas seis aparelhos de ressonância magnética
Em todo o país, foram contabilizados 3.588 aparelhos de ressonância magnética, 1.695 deles disponíveis no SUS. A densidade nacional é de 1,69 aparelhos por 100 mil habitantes, no Acre esse número é 0,68 por 100 mil habitantes.
No estado acreano, há apenas 6 aparelhos de ressonância magnética, sendo 5 disponíveis no SUS, o que coloca o estado na última posição do ranking nacional.
Já com relação a ultrassonografia, exame com maior presença no país, com 57,3 mil aparelhos, dos quais 45% estão disponíveis no SUS. A densidade nacional é de 26,99 por 100 mil habitantes, com estado vizinhos ao Acre, Rondônia, liderando (34,19) no ranking nacional.
O Acre aparece novamente entre os estados com menor estrutura, com apenas 67 aparelhos de ultrassonografia. O IDPP revela a maior desigualdade entre público e privado nesse tipo de exame, de 24,82 no Acre, enquanto no Rio Grande do Norte, por exemplo, o índice é de apenas 2,14.
O Atlas mostra que, em média, usuários de planos de saúde têm de 2 a 4 vezes mais acesso a exames de imagem do que os pacientes exclusivos do SUS. No Acre, essa disparidade se acentua devido ao baixo número de equipamentos e à concentração de serviços na rede privada.