O açaí paraense, responsável por 90% da produção nacional, foi um dos destaques da rodada de negócios do Exporta Mais Amazônia, em Rio Branco. O diretor-executivo do True Açaí, Afonso Rocha, que atua no setor há mais de uma década, falou sobre a internacionalização do produto, as diferenças culturais no consumo e as perspectivas de exportação.
“Sim, hoje o Pará é um dos maiores produtores de açaí, representa cerca de 90% da produção concentra lá no Pará. E é o açaí que vai sair lá de Varza, que vocês até têm um pouco aqui no Acre, mas lá é uma quantidade maior, que é o diferencial em sabor e cor e textura. Então é um produto diferenciado que a gente está tentando levar num processo de internacionalização da nossa empresa”, explicou.
Questionado sobre a comparação com outras regiões produtoras, Afonso destacou sua experiência. “Já, eu estou no ramo de açaí há quase 12 anos. Eu já experimentei açaí de todos os lugares que você puder imaginar, até aqui fora do Brasil. Lá em Fortaleza, que eu moro no Ceará, então lá em Fortaleza estão fazendo açaí de irrigação lá também, plantando. Mas assim, o melhor açaí é o do Pará. Eu falo, infelizmente, porque a gente que é produtor até queria ter outras possibilidades para atender a demanda que está tendo atualmente, mas não tem. Infelizmente, o açaí que tem maior qualidade hoje é o açaí do Pará”, destacou.
Ele também explicou como o consumo varia de acordo com a região.“A gente tem um país muito grande, né? E acaba essa cultura de consumo muda de um estado para o outro. Então, um exemplo, quando você pega o estado do Pará, que é o estado da região amazônica, a gente já tem um produto mais puro, mais a pouco. E o cliente já não aceita algo diferente disso. Consumir açaí com peixe é outra cultura. Você chega no Nordeste, que é esse produto que é fabricado lá no Ceará, já é um produto concentrado, que basicamente é adoçado. Não tem aditivo excessivo, não tem corante, não tem saborização. Então, o produto mais puro possível, basicamente, a gente pega a polpa e adoça. E aí a gente chega lá para o Sudeste, que a cultura lá já é outra. Já tem bem menos açaí na formulação, já é mais açúcar, é mais aditivo, mais saborização. Já fazem açaí saborizado com guaraná, com xarope. Aqui não, aqui é açaí puro. Então, eu costumo dizer que não tem o melhor ou o pior. Tem o que se encaixa melhor com o público que você está oferecendo o produto. A mesma forma é para a internacionalização. A gente tem que tentar atender o que o cliente lá de cada país, de cada cultura, pretende para esse açaí”, pontuou.
Segundo o investidor, a empresa já exporta para os Estados Unidos e está ampliando sua presença internacional. “Hoje, a gente já exporta para os Estados Unidos. Eu estou, particularmente, esse ano, fazendo o movimento de internacionalização da empresa. Então, eu estou participando de várias feiras, como essa, que é a Exporta Mais Amazônia. Já participei do Paraguai, da Índia. Tem mais duas aí no radar para a gente participar. Então, a gente está no processo de enviar o produto de internacionalização da nossa empresa. A gente tem duas plantas, hoje, de produção. Se encaminhando para uma terceira, já pensando na necessidade de mercado. A primeira, ela é produzir a polpa de açaí lá no Pará. A segunda, lá em Fortaleza, essa lá do Pará, a gente produz cerca de 60 toneladas por dia de açaí. Se tiver açaí, a gente está lá produzindo. Lá no Ceará, a gente produz cerca de 6 toneladas de produto já pronto, como esse aqui, por dia. E a gente está pensando em formatar uma planta para produzir açaí em pó, que é uma demanda também do mercado externo. Além de facilitar o processo de envio do produto em menores quantidades”, destacou.
“É, varia muito, porque depende do tipo de açaí, né? Mas uma carga, hoje, falando em reais, né? Para facilitar, uma carga, hoje, de açaí, de polpa de açaí, que é o padrão normal para exportação, que é a 12%, ela vai variar em torno de uma carga toda de 400 mil reais”, salientou.
Durante a feira, Afonso apresentou aos compradores dois produtos principais: o açaí premium e o açaí em pó. “Esse daqui é o nosso açaí premium, ele é adoçado com açúcar demerara, como eu falei, praticamente sem aditivo. Ele só vai em polpa de açaí especial, que é a mais concentrada. O açúcar demerara é um produto que a gente fez aqui para o varejo, para o supermercado, nessa caixinha aqui. Mas que também a gente já está preparando ela para, nesse formato também, exportar. Então, é basicamente o produto que a gente trouxe aqui hoje para apresentar. Além do açaí em pó, que eu trouxe também. Esse açaí em pó é produzido em Rondônia, que a gente não tem nossa planta ainda e eu estou com um parceiro lá, trazendo esse açaí em pó para oferecer aqui para os compradores”, finalizou.