O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), classificou como “ingênua” a cobrança do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefone ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a fim de tratar da sobretaxa de 50% imposta aos produtos brasileiros.
Em evento do agronegócio nesta segunda-feira (11), Tarcísio afirmou que encontros de alto nível entre autoridades dos dois países não seriam suficientes para resolver o impasse comercial.
“Quantas vezes vamos ter reuniões de alto nível no Departamento de Estado? Quantas vezes vamos ter a ligação do presidente brasileiro com o presidente americano? É isso que vai fazer a diferença”, disse o governador.
Em entrevista à GloboNews, Haddad rebateu: “A afirmação do governador é, no mínimo, um pouco ingênua. Talvez de alguém que ainda não tenha traquejo nas relações internacionais. Não funciona assim. Quando dois chefes de Estado se falam, existe preparação prévia para que a reunião ou telefonema resulte na melhor condição de negociação para os dois países.”
Resistência em Washington
Haddad afirmou que, diante da dificuldade para avançar nas negociações com os EUA, a ideia de que uma ligação resolveria o problema ignora o contexto: “Quando três ministros — Itamaraty, Fazenda e Desenvolvimento — não conseguem sequer sentar à mesa para dialogar, quando há resistência em função da atuação de pseudo brasileiros em Washington, penso que o governador está sendo um pouco ingênuo ao imaginar que esse telefone é a chave… Mas não é.”
O ministro também revelou que a reunião virtual prevista para quarta-feira (13) com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foi cancelada. Segundo ele, o encontro foi desmarcado após pressão de grupos de extrema-direita que atuam junto à Casa Branca.
“A militância antidiplomática dessas forças de extrema-direita, que atuam junto à Casa Branca, teve conhecimento da minha fala, agiu junto a alguns assessores, e a reunião foi desmarcada”, disse Haddad.