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“Nenhum presidente investiu tanto no Acre quanto eu”, diz Lula

Foto: Sérgio Vale

Em agenda presidencial no Acre nesta sexta-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que nenhum outro chefe do Executivo nacional destinou tantos recursos ao estado quanto ele. O petista também fez críticas diretas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), questionando o legado de obras de sua gestão no território acreano.


“Pode pesquisar para saber se algum presidente da República investiu mais dinheiro neste estado do que eu. Mesmo no estado de São Paulo, onde o PSDB governou a vida inteira e Fernando Henrique Cardoso foi presidente, eu duvido que, somando os últimos dez presidentes, eles tenham feito no Acre 10% do que eu fiz. E vou continuar fazendo, governador”, declarou.


Lula ressaltou que seus investimentos não levam em conta alinhamentos políticos. “Quando eu venho ao estado, não olho o partido do governador, se ele gosta de mim ou não, ou se o deputado vota em mim. Eu venho de acordo com a qualidade da obra e com a necessidade do povo”, disse.


O presidente também usou como exemplo o estado de Santa Catarina. “Nós fizemos em dois anos mais do que eles fizeram em dez, mesmo com um governador que se coloca como nosso maior inimigo. E vamos continuar fazendo”, pontuou.


Em tom crítico, Lula comparou seu governo ao de Bolsonaro. “Eu duvido que, no estado do Acre, alguém possa me dizer uma obra que o governo Bolsonaro fez aqui. Pode chegar em Brasília e perguntar para os deputados do Acre eleitos o que o governo anterior fez”, afirmou.


Segundo o presidente, sua gestão adota a prática de ouvir autoridades locais para definir investimentos. “Nós chamamos os prefeitos e demos opções para que escolhessem onde vai o Instituto Federal, o Minha Casa, Minha Vida, ou o dinheiro para o saneamento básico. Não é o presidente que tem que escolher, é o prefeito, porque é ele que está lá, onde as pessoas estudam, moram, trabalham e vivem”, concluiu.


Foto: Sérgio Vale

Lula destacou sua ligação histórica com o Acre, durante pronunciamento na sede da Cooperacre, em Rio Branco. “A minha vinda ao Acre estava sendo muito cobrada por mim junto ao ministro da Educação, ao ministro dos Transportes e aos outros ministros que estão aqui. O Acre é um estado com o qual tenho uma relação muito antes de pensar em ser presidente da República. Venho ao Acre como companheiro sindicalista desde 1975”, afirmou.


Lula relembrou que participou da fundação do Partido dos Trabalhadores e de outros grupos no estado, além de momentos de solidariedade em conflitos envolvendo desmatamento.


“Estive aqui muitas vezes para apoiar companheiros que defendiam a preservação da floresta contra o desmatamento desordenado. Também vim em solidariedade ao companheiro Chico Mendes”, disse.


Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ressaltou a importância da cooperação entre governos, independentemente de partidos políticos, para promover o desenvolvimento regional.


“Em uma cidade rica com um país pobre, é preciso que os dois cresçam. Por isso, eu governo junto com o prefeito e com o governador, independentemente de que partido seja, que profissão tenha ou para que time torça. A única coisa que me preocupa é se não torcer para o Corinthians, mas, de qualquer forma, nem todo mundo pode ser Corinthians”, brincou.


Foto: Sérgio Vale

O presidente recordou experiências anteriores em outros estados para reforçar sua tese de que realizações concretas são mais importantes do que disputas políticas. Citando uma visita ao Piauí, onde presenciou um debate entre autoridades sobre quem havia feito mais obras, Lula comparou a situação com o Acre. “Eu poderia dizer o mesmo aqui. Eu e a Dilma fizemos mais pelo Acre do que Sarney, Fernando Henrique, Itamar, Collor, Bolsonaro, ou quem vocês quiserem — até mais do que Dom Pedro II”, afirmou.


Entre as ações destacadas, Lula mencionou a inauguração do aeroporto, a construção da primeira ponte ligando o Brasil ao Peru e investimentos que facilitaram o acesso a mercados internacionais. O presidente defendeu que a produção acreana — como carne, couro, peixe e castanha — seja exportada diretamente pelo Peru, encurtando a rota até países como a China.


“Estamos a 10 mil quilômetros mais perto da China pelo Pacífico do que pelo Atlântico. Então, por que o Acre tem que produzir alguma coisa e levar para São Paulo para exportar? É preciso criar condições para que nossos produtores tenham acesso direto a esses mercados. Isso é inteligência e bom senso. Não importa quem governa o Estado, importa quem mora nele, e essas pessoas precisam ser tratadas com respeito”, pontuou.


Lula também relembrou programas criados em seus mandatos anteriores, como Luz para Todos, SAMU, Brasil Sorridente e Minha Casa, Minha Vida, que, segundo ele, devolveram cidadania e dignidade à população mais pobre. Ele comemorou ainda o reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a saída do Brasil do mapa da fome.


“Quando assumi em 1º de janeiro de 2023, o Brasil tinha 33 milhões de pessoas passando fome. Nós acabamos com isso, porque tomar café da manhã, almoçar e jantar é direito de todo brasileiro”, concluiu.


Lula ressaltou os avanços em programas sociais, com ênfase no Brasil Sorridente, e na expansão da educação técnica no país, especialmente no Acre. Ó petistas afirmou ainda que os hospitais do interior do Acre, como o de Juruá, o Hospital do Idul e o Hospital da Criança, receberam investimentos significativos durante os governos petistas. “Quem foi no hospital de Juruá, quem foi no hospital do Idul de Rio Branco, quem foi no hospital da criança de Rio Branco, tudo foi esse tal de PT tão odiado, foi tudo”, destacou.


O presidente explicou o motivo da criação do programa Brasil Sorridente: “Eu cansava de viajar pelo país e ver jovens de 20 anos, meninas e meninos, sem dente na boca. Sem dente, a pessoa não come direito, não sorri direito, não beija direito, não namora direito. Não é possível uma pessoa de 20 anos não ter dente, não poder mastigar uma castanha, uma carne”.


Ele informou que o programa segue avançando com tecnologias modernas. “Essa semana que vem vou em São Paulo buscar vans — consultórios dentários ambulantes — para levar atendimento por todo o Brasil. Antes, há 30 anos, tinha candidata que entregava uma dentadura para a pessoa experimentar e colocar na boca. Agora não. Agora é dentista com máquina 3D, tudo digital. Em duas horas e meia a pessoa sai com a sua prótese perfeita, sorrindo, comendo castanha, carne e namorando sem vergonha. Não tem coisa mais bonita do que um sorriso”, afirmou.


Lula também destacou o avanço na educação técnica e profissional no país. “Quando cheguei ao governo, entre 1909 e 2003, a elite brasileira tinha feito 140 institutos federais. Eu, que sou o único presidente que não tem diploma universitário, vou terminar o meu mandato entregando 782 institutos federais”, comemorou.


Foto: Sérgio Vale

Sobre o Acre, ele observou que o estado não possuía nenhum instituto federal antes dos governos petistas. “Aqui não tinha nenhum. Agora são seis ou sete, incluindo o de Feijó. E ainda vai ter mais, porque não há possibilidade de um país se desenvolver sem investir em formação e qualificação”, enfatizou.


Luiz Inácio Lula da Silva garantiu durante seu discurso que milhares de casas populares foram entregues em seu governo, e questionou a produção habitacional do governo anterior.


“Quantas casas foram feitas no governo passado? Alguém, por favor, levanta a mão se sabe de uma casa que foi feita?”, provocou Lula.


Ele também criticou programas prometidos que não saíram do papel, como a carteira profissional verde e amarela e o programa Minha Casa Verde e Amarela.


“O país passou quatro anos de mentira, de instigação do ódio, de fake news, de estupidez”, declarou.


Lula fez duras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, responsabilizando-o pela condução da pandemia e suas consequências.


“Um presidente que carregou nas costas metade dos mortos da Covid. É da responsabilidade dele, por ser irresponsável no trato da saúde”, afirmou.


O presidente lembrou declarações polêmicas feitas por Bolsonaro contra as vacinas. “Dizer que quem toma vacina vira gay, que vira jacaré, que vira não sei o quê, em pleno século XXI, é coisa de presidente ignorante”, ressaltou.


Ele também criticou a atitude do filho do ex-presidente, que teria pedido apoio dos Estados Unidos para um golpe no Brasil.


“Ele vai saber o que vai custar isso, porque vai ter um processo. Se vocês se lembram da história, Joaquim Fiverto dos Reis foi traidor de Tiradentes. Esse moleque é traidor de 215 milhões de brasileiros”, declarou.


Lula aproveitou para se dirigir aos empresários, cooperativas, castanheiros, criadores e pescadores do país.


“Pode ter certeza do seguinte: o governo brasileiro não quer ser mais do que ninguém, mas não quer ser menos do que ninguém. O presidente dos Estados Unidos aprenda a respeitar a soberania desse país, aprenda a respeitar a soberania e a autonomia do poder judiciário brasileiro”, afirmou.


O presidente assegurou que o governo vai proteger os exportadores brasileiros.


“O governo brasileiro vai garantir que os nossos exportadores não tenham prejuízo neste país. Em apenas dois anos e meio, nós abrimos 400 novos mercados para o Brasil”.


Lula reafirma protagonismo do povo e faz balanço político em discurso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o verdadeiro poder no Brasil está nas mãos do povo brasileiro, “que é o dono desse país, ninguém mais”. Ele ressaltou que, após um início de governo marcado por desafios, o momento atual é de colheita dos frutos do trabalho realizado.


“Os dois primeiros anos de governo foram muito difíceis, porque foram para reconstruir as mazelas que tinham sido feitas por quem governou esse país e não governou, criou um gabinete do ódio e ficou instigando mentiras pela internet o dia inteiro. Eram 11 mentiras por dia”, destacou.


Segundo Lula, agora é “época da verdade” e “quem mentiu vai pagar muito caro pela mentira”. Ele avaliou que o Brasil está no caminho certo para terminar seu mandato com o país melhor.


“A economia nunca tinha crescido acima de 3% desde que eu deixei a presidência. Já há dois anos, crescemos acima de 3% e vamos continuar crescendo. Temos hoje o menor índice de desemprego da história e o maior crescimento da massa salarial. Aumentamos o salário mínimo todo ano, porque quando o PIB cresce, o trabalhador tem direito de receber esse crescimento no salário”, afirmou.


Em um relato pessoal, Lula contou como nasceu seu envolvimento com a política. Ele lembrou que no início da sua trajetória, em 1908, não gostava de política e criticava quem gostava. Porém, ao atuar como dirigente sindical, percebeu a falta de representação dos trabalhadores no Congresso Nacional.


“Depois de conversar com mais de 200 deputados, descobri que não tinha um trabalhador deputado em Brasília. Então, não podia atender a lei que eu queria. Eu votei para cá e falei: vou criar um partido para os trabalhadores e fazer política”, relatou.


Lula relembrou sua trajetória nas eleições presidenciais, desde 1989, quando disputou contra nomes como Ulisses Guimarães, Paulo Maluf, Leonel Brizola e Fernando Henrique Cardoso. Ele destacou que seu partido foi segundo colocado em várias eleições antes de conquistar a presidência em 2002, 2006, 2010 e 2014.


Sobre 2018, Lula afirmou que foi impedido de concorrer devido a “a mais safada das mentiras desse país” e revelou que permaneceu 580 dias preso. “Se eu tivesse disputado, poderia ter ganho as eleições”, disse.


Foto: Sérgio Vale

No pleito de 2022, após deixar a prisão, Lula venceu o então presidente, encerrando o ciclo de governo anterior.


O presidente aproveitou para fazer um desabafo sobre sua saúde e planos futuros.


“Vou fazer 80 anos no dia 27 de outubro. Quem quiser me dar um presente pode lembrar. Estou muito bem de saúde, levanto todo dia às 5h30, faço caminhada, esteira e musculação. Me sinto melhor do que quando tinha 65 anos”, afirmou.


Lula disse ainda que, se não estiver em condições, não será candidato novamente, mas prometeu continuar firme se tiver energia.


“Esse país precisa acabar com o ódio impregnado na sociedade brasileira. O Brasil é um país do bem, generoso e trabalhador. Já disputei contra grandes nomes da política sem essa raiva que existe hoje. Parece que alguém abriu a caixa de Pandora”, criticou, referindo-se à atual polarização política.


Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou a importância da distribuição de renda e da valorização da formação profissional, com ênfase especial nas mulheres. Para ele, a educação e a independência financeira feminina são essenciais para combater a violência contra a mulher, que classificou como um problema grave no país.


“Uma mulher tem que ter uma profissão. Porque se ela tiver uma profissão, ela conquista sua independência. Se ela conquistar sua independência, não vai morar com ninguém só pela troca de aluguel ou por um prato de comida. Ela vai morar com quem ela gosta. Se a pessoa com quem ela está morando não prestar, ela vai embora e troca. É assim que é a vida”, afirmou.


Lula relembrou a história de sua mãe, que criou oito filhos sozinha após largar o marido, e destacou que, graças a essa força, um dos seus filhos chegou a ser presidente do país três vezes.


Voltando ao cenário local, o presidente criticou diretamente o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom. Lula disse que em qualquer evento em estados e municípios o governador e os prefeitos são convidados, negando a alegação do prefeito de que não teria sido chamado para o evento.


“O que não pode é prefeito mentir e dizer que não tinha sido convidado, na oi tem como não convidar. Em qualquer cidade que eu vou, em qualquer estado que eu vou, o governador é convidado, prefeito é convidado e com direito a palavra. Não tem como eu não convidar. Não pode um prefeito mentir dizendo que não foi convidado”, declarou Lula, que reforçou sua postura de diálogo e respeito. “É mentira”.


O presidente afirmou ainda que prefere falar abertamente, seja com quem gosta dele ou não, e que seu compromisso é cuidar do Acre e do povo acreano.


“Eu não falo mal de ninguém, não xingo, não ofendo ninguém, eu quero tratar todo mundo com respeito e é assim que eu quero cuidar do meu querido Acre”, concluiu.


 


 


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