Durante entrevista ao ac24horas nesta sexta-feira (1º), na 50ª edição da Expoacre, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), falou sobre as ações da prefeitura voltadas para o fortalecimento da agricultura familiar no município. O gestor destacou os investimentos em infraestrutura rural, apoio técnico e a criação de um polo agroindustrial.
“Eu já vinha incentivando o setor produtivo desde a época em que fui prefeito de Acrelândia. Fui prefeito três vezes lá e sempre apostei na agricultura familiar. Mas o primeiro passo é ter ramais. Sem ramal, não tem produção. Lá, eu fiz ramais, entrei com gradeação, assistência técnica e entrega de mudas. Em 1993, por exemplo, distribuí 300 mil mudas de café em Acrelândia”, relembrou.
Bocalom enfatizou que a produção de café tem ganhado força em Rondônia e que o Acre precisa seguir pelo mesmo caminho. Em Rio Branco, segundo ele, já foram mecanizados mais de 4 mil hectares nos últimos três anos.

Foto: Jardy Lopes
“Nós fizemos a análise de solo, aplicamos calcário para corrigir a acidez, entramos com sementes, mudas e demos todo o suporte para o produtor. Agora estamos concluindo nosso polo agroindustrial da agricultura familiar, com uma beneficiadora de arroz novinha e uma selecionadora. O arroz do nosso agricultor vai ficar igual ao que vem de fora, como o Tio João e o Brilhante”, explicou.
O prefeito também anunciou a instalação de uma indústria para beneficiamento de feijão, com estrutura para polimento e empacotamento. “Não adianta colher o feijão direto da roça e tentar vender na cidade. Tem que beneficiar, embalar direitinho. O mesmo vale para o milho. Aqui a gente consome muito cuscuz. Um quilo de milho custa R$ 1,50, enquanto o quilo do cuscuz chega a R$ 5. A indústria que estamos montando vai ajudar a agregar valor à produção da agricultura familiar”, finalizou.
O prefeito voltou a defender o programa “Produzir para Empregar”, ressaltando o potencial da agricultura local para movimentar a economia do município, gerar empregos e reduzir a dependência de produtos vindos de fora.
“Eu defendo o Produzir para Empregar. Começamos com feijão e milho, depois virou o rei do café, do leite e da banana. A banana de lá da região da Vila Acre sai toda para exportação, saem duas, três carretas por dia. A banana tem valor, o dinheiro vem. É isso que a gente precisa fazer: primeiro, substituir o que consumimos aqui mesmo”, afirmou.

Foto: Jardy Lopes
O prefeito citou dados do IBGE para exemplificar a dependência externa de alimentos básicos. “Você sabia que, segundo o IBGE, cada pessoa consome, em média, 200 gramas de arroz por dia? E o acreano gosta de arroz, você sabe disso. Isso dá 90 toneladas por dia só em Rio Branco, tudo vindo de fora. Se o quilo custa R$ 5, estamos mandando embora R$ 450 mil por dia. Em um ano, dá entre R$ 15 e R$ 17 milhões saindo do nosso estado”, alertou.
Bocalom defendeu que, mesmo sem substituir 100% da produção, produzir ao menos metade do que se consome já teria grande impacto econômico local. “Se conseguirmos reter R$ 10 milhões aqui, isso significa mais empregos. É o trator que fura o pneu, o borracheiro que conserta, o mecânico, o operador de máquina, o técnico agrícola que dá suporte lá no campo. O campo é riqueza. Campo rico, cidade rica”, declarou.
Bocalom comentou sobre o cenário político local, sua possível participação nas eleições de 2026 e a expectativa em torno da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Acre, prevista para o próximo dia 8.
Futuro político
Bocalom reafirmou seu compromisso com a gestão atual e evitou se posicionar de forma definitiva sobre uma eventual candidatura ao governo do Estado: “Eu sempre digo o seguinte: sou candidato a prefeito de Rio Branco, fui eleito para um mandato de quatro anos. Agora, é evidente que no meio disso existe a questão da disputa pelo governo. Eu nunca neguei: sempre lutei para ser prefeito ou governador. Meu projeto sempre foi mostrar aquilo que sei fazer na gestão pública. Fiz isso em Acrelândia — está lá, é um modelo de desenvolvimento — e agora Deus me deu a oportunidade de mostrar isso também em Rio Branco. Se eu tivesse que parar hoje, estaria realizado”, afirmou.

Foto: Jardy Lopes
O prefeito, no entanto, destacou que o momento ainda é de trabalho, e que 2025 será decisivo para novas definições políticas: “Estamos focados em entregar obras. Como o governador tem dito, este ano é de trabalhar. O ano que vem será para discutir quem será candidato. A vice-governadora Mailza, por exemplo, é natural que queira ser candidata. Se o governador Gladson se afastar para disputar o Senado, ela poderá assumir o governo e, com a caneta na mão, se tornar uma candidata. Não há problema nisso. O Alan também já se colocou como pré-candidato. Eu, por outro lado, tenho dito que não sou candidato. Mas, se lá na frente entenderem que o Bocalom é um bom nome, não há problema. Eu sou da direita, sou do time do Bolsonaro, do Márcio Bittar, do João Marcos. Estamos lutando para que a direita continue no poder. A gente sabe que, se o outro grupo voltar, a Florestania também volta — e isso nós não podemos permitir.”
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