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Moraes confronta Cid e Marcelo em acareação sobre monitoramento de autoridades

O ministro Alexandre de Moraes comanda nesta quarta-feira (13) uma acareação entre dois réus da suposta trama golpista de 2022, o tenente-coronel Mauro Cid e o coronel Marcelo Câmara. O encontro está marcado para 11h30, na sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.


A acareação foi autorizada em 6 de agosto, a pedido da defesa de Câmara, e busca confrontar declarações divergentes dos dois militares.


Delator, Cid foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e responde no núcleo 1 do processo. Câmara, ex-assessor do ex-presidente, está preso preventivamente e integra o núcleo 2, acusado de coordenar ações clandestinas para monitorar e neutralizar autoridades públicas, entre elas o próprio Moraes.


As versões em choque

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Câmara repassava a Cid informações sigilosas sobre deslocamentos e compromissos de Moraes. O delator também afirmou que o coronel monitorou a chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB).


A defesa contesta e aponta “incongruências” nos relatos de Cid. Afirma que o coronel não monitorou autoridades, desconhecia a finalidade das informações e nunca teve acesso à chamada “minuta do golpe”. Para os advogados, a acareação é uma oportunidade para desmontar a narrativa da acusação e afastar Câmara do núcleo decisório da trama.


Embora a acareação não tenha efeito imediato sobre a fase de julgamento, pode influenciar votos de ministros ao reforçar ou fragilizar a consistência das delações.


No caso de Cid, seu acordo foi peça-chave para a PGR mapear conexões entre diferentes núcleos da trama — desde a produção da minuta até o monitoramento de autoridades e a mobilização de apoiadores para atos violentos. Um eventual recuo ou contradição de sua versão sobre Câmara pode ser explorado por outras defesas para questionar a robustez do conjunto probatório.


Estratégia das defesas

Advogados que atuam nos casos ligados à tentativa de golpe têm adotado dois caminhos principais: negar participação direta de seus clientes nas ações mais graves ou sustentar que os atos praticados não configuram crime contra o Estado de Direito.


No caso de Câmara, a aposta é dissociá-lo de qualquer planejamento de ruptura e apresentá-lo como um militar alheio às intenções políticas do grupo.


Se essa estratégia ganhar fôlego, a acareação desta quarta-feira pode servir como argumento para revisões de denúncia ou até para pedidos de liberdade provisória.


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