A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu nesta segunda-feira (11) a realização da COP30 em Belém (PA), prevista para novembro, apesar das críticas à infraestrutura da cidade.
Em entrevista ao portal g1, ela afirmou que acompanha de perto a crise de hospedagem e reconheceu que, embora a capital paraense tenha leitos suficientes, os preços cobrados durante o evento são “inaceitáveis”, chegando a até dez vezes o valor habitual.
Segundo a ministra, a conferência deve ser lembrada não pelos problemas logísticos, mas pelo avanço nas negociações climáticas. Ela reiterou a meta de mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 para financiar a transição energética global, muito acima dos US$ 300 bilhões acordados na COP anterior.
“Infelizmente — eu diria, desgraçadamente — os Estados Unidos, que são o segundo maior poluidor do mundo, saem novamente do Acordo de Paris. Mas o mundo vai continuar caminhando e cobrando que cada um faça o seu dever”, afirmou.
Vetos
Marina também defendeu o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a trechos do projeto de lei do licenciamento ambiental, medida que gerou tensão com o Congresso. Segundo ela, a decisão foi guiada por diretrizes discutidas com a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais para preservar a integridade do processo.
Entre as prioridades estão garantir os direitos de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, assegurar segurança jurídica e incorporar inovações aprovadas pelo Legislativo sem retirar competências do licenciamento. “Tudo aquilo que significava retrocesso, que comprometia a integridade do licenciamento, foi vetado”, disse.
A ministra alertou que a derrubada dos vetos poderia gerar insegurança jurídica, prejudicar o acordo União Europeia-Mercosul e comprometer as metas de redução de CO₂ assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris.
Sem apresentar alternativas, Marina afirmou não ter plano B: “Nosso plano B é que o plano A seja o plano de todos nós.”
Foz do Amazonas
A ministra também comentou a polêmica sobre a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, área entre o Amapá e o Pará com potencial estimado em bilhões de barris.
Apesar de defender a transição energética, ela afirmou ser preciso buscar “um caminho do meio” e destacou que países ricos devem liderar o abandono dos combustíveis fósseis.
“O Brasil tem dado uma contribuição muito grande na sua matriz energética e está trabalhando muito”, disse, sem se opor diretamente ao projeto. O processo está em análise no Ibama, e o presidente Lula já declarou apoio à exploração na região.