A operação da Polícia Federal contra o pastor Silas Malafaia, nesta quarta-feira (20), expôs divisões internas no núcleo bolsonarista. Alvo de mandado de busca e apreensão autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, Malafaia trocou mensagens com Jair Bolsonaro (PL) em que ataca duramente o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem chamou de “babaca”.
Em 11 de julho, dois dias após o presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, Malafaia enviou uma mensagem ao ex-presidente com duras críticas ao filho “Zero Três”.
O motivo foi a atuação de Eduardo nos Estados Unidos em defesa da sobretaxa — movimento que, segundo o pastor, fortaleceu Lula politicamente ao oferecer um “discurso nacionalista” ao presidente.
“Esse seu filho Eduardo é um babaca. Um estúpido de marca maior. ESTOU INDIGNADO!”, escreveu o pastor, segundo registro obtido pela Polícia Federal. “Só não faço um vídeo e arrebento com ele por consideração a você. Não sei se vou ter paciência [de] ficar calado se esse idiota falar mais alguma asneira.”
A mensagem é parte do material reunido pela PF que embasou a operação autorizada por Moraes no inquérito que apura tentativas de obstrução do julgamento de Bolsonaro e o uso de milícias digitais para atacar o Supremo Tribunal Federal.
Malafaia, que até então era um dos aliados mais próximos da família Bolsonaro, teria atuado, segundo a PF, em uma campanha coordenada para atacar ministros do STF e interferir na ação penal na qual Jair Bolsonaro se tornou réu por tentativa de golpe de Estado.
Além de Malafaia, o inquérito também cita o comentarista Paulo Figueiredo e o próprio Eduardo Bolsonaro como integrantes de uma articulação para desacreditar instituições democráticas. Pai e filho foram indiciados por coação no curso do processo e por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.