Em entrevista concedida à CNN Brasil nesta terça-feira, 05, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, falou sobre os impactos da sobretaxa imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e destacou as medidas que o governo tem adotado para mitigar os prejuízos. A conversa ocorreu no programa CNN 360º, apresentado por Débora e Yuri.
“É uma pena que o tema ainda segue muito denso, né? E trazendo muita preocupação, especialmente para nós da Apex, que preferíamos o céu de brigadeiro, como estávamos vindo. A gente estava fazendo crescer as exportações do Brasil, atração de investimentos, realizando muitos eventos fora, promovendo os produtos e as empresas do Brasil no mundo. Mas a vida é feita assim também, tem os altos e baixos”, afirmou.
Mesmo diante das tensões comerciais, Viana demonstrou otimismo. “Estamos muito confiantes que é possível superar isso, por mais que esteja muito contaminada a parte política. Mas a parceria brasileira com os Estados Unidos era muito boa para os Estados Unidos, é isso que é difícil de compreender, porque é equilibrada, mas sempre em vantagem para os EUA. E também é muito boa para o Brasil”, destacou.
O petista explicou que o governo brasileiro tenta ampliar a lista de produtos isentos da nova taxa. “A ordem executiva que foi dada abrange perto de 700 produtos. A lista de isenção alcançou 89 produtos e mais de 13,5 bilhões de dólares. Tem mais uns 4 bilhões de dólares com isenção parcial, somando quase 18 bilhões. Mas o que nos interessa é trabalhar ainda os 22 bilhões restantes, que somam mais de 40 bilhões de dólares que exportamos para os Estados Unidos”, pontuou.
Viana anunciou a expansão da atuação da Apex nos EUA. “Vamos montar uma base da Apex em Washington para trabalhar os interesses das empresas e dos produtos brasileiros. Já temos em Miami, Nova York e São Francisco”, afirmou.
O presidente da Apex também enfatizou o esforço do governo federal em buscar alternativas. “Estamos trabalhando articulados com o ministro Alckmin, como quer o presidente Lula, para diversificar os mercados desses produtos que estão sofrendo taxações fora do padrão”, salientou.
Segundo Viana, já são 400 novos mercados abertos sob a atual gestão. “É extraordinário. É como se o Brasil tivesse voltado à moda no mundo. Seja na China, no BRICS, no Japão, na Europa com o acordo do Mercosul com a União Europeia, seja com nossos vizinhos. O Brasil está sendo pragmático”, reforçou.
Ao tratar da sobretaxa sobre produtos como café, frutas, pescado e carne bovina, ele revelou que alternativas já estão sendo estudadas. “Os EUA ganham muito dinheiro com café sem plantar café. Importam 24 milhões de sacas, das quais 8 milhões vêm do Brasil. Eles transformam isso em 1,2% do PIB americano. Vai haver uma pressão por esse café brasileiro, porque não há oferta equivalente, principalmente, pela crise do ano passado”, pontuou.
Sobre destinos alternativos ao café verde, ele citou: “Alemanha, Itália, Japão, Espanha, Suíça, Canadá, China. No café torrado, temos possibilidades na Polônia, Noruega, Japão, México, podemos ir mais adiante e trabalhar até mesmo cosméticos e lagosta congelada com China e Japão são bons mercados para isso. Não é uma coisa simples”, salientou.
Viana frisou que o desafio é grande, mas que o governo está comprometido. “Temos financiamento das exportações, política de suporte às empresas afetadas e seguimos com negociações em Washington. Estamos reunindo o setor do café, de frutas, da indústria de peças automotivas com suas contrapartes lá. A Apex tem liberdade e agilidade para trabalhar, não é ministério”, afirmou.
Encerrando a entrevista, o presidente da ApexBrasil afirmou: “Vamos até o fim. Esperamos que mais produtos possam sair dessa taxação. O café, por exemplo, são quase 2 bilhões de dólares. Precisamos focar nos setores mais prejudicados da economia”, finalizou.