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Expoacre: da Feira Agropecuária ao maior Festival Cultural da Amazônia Ocidental

Em um país continental como o Brasil, os grandes eventos e festivais se consolidaram como motores fundamentais da economia regional. Eles movimentam o turismo, geram emprego e renda, e ainda promovem a imagem das cidades que os abrigam. Nesse cenário, a Expoacre já é, hoje, o maior evento multissetorial do estado — mas pode e deve ir além: transformar-se, nos próximos anos, no maior festival cultural da Amazônia Ocidental.


É hora de pensarmos grande. A Expoacre não precisa ser apenas uma feira de negócios. Pode ser também um palco para a diversidade cultural acreana, valorizando o que temos de mais rico: nossa música, nossa arte, nossa gastronomia, nossas tradições indígenas, caboclas, nordestinas, seringueiras e urbanas.


Outros exemplos provam que isso é possível e altamente rentável. Parintins (AM) é hoje símbolo mundial de cultura amazônica com seu festival folclórico. A cidade, antes isolada e pouco explorada, passou a receber turistas de vários continentes, voos fretados, grandes marcas e cobertura da imprensa internacional. Isso foi construído com orgulho cultural e investimento estratégico.


Gramado (RS), que também começou com feiras e eventos locais, se tornou uma referência nacional em turismo com o Natal Luz e o Festival de Cinema. Já Bonito (MS) consolidou sua marca como destino ecológico com festivais de cultura e natureza que movimentam toda a economia local. Em São Paulo, feiras e eventos temáticos injetam bilhões em serviços e comércio, sendo peças-chave da economia da cidade.


O Acre não pode ficar para trás. Ao longo dos anos, a Expoacre já demonstrou seu potencial de reunir negócios, cultura, lazer e gastronomia num único espaço. O próximo passo é ampliar essa vocação — direcionando-a estrategicamente para se tornar um festival cultural de nível nacional, com identidade própria, calendário fixo, temáticas valorizadas e maior projeção midiática.


Isso exige uma mudança de mentalidade. Por muito tempo o preconceito contra investimentos em cultura e entretenimento impediu que o Acre entrasse de vez na rota do turismo. Mas a realidade mostra que não investir nisso é desperdiçar uma das maiores ferramentas de desenvolvimento social e econômico da atualidade.


A Expoacre pode ser o nosso Parintins. Pode ser a vitrine para a cultura indígena, a música autoral, o teatro de rua, as danças regionais, os festivais de gastronomia amazônica, os concursos culturais, os encontros de povos da floresta. Tudo isso sem perder sua vocação de feira de negócios, tecnologia, agronegócio e empreendedorismo.


Quando cultura e economia se unem, todos ganham. Vendedores ambulantes, restaurantes, salões de beleza, mototaxistas, guias turísticos, artistas, produtores rurais, gráficas, agências de publicidade, hotéis — todos são beneficiados direta e indiretamente.


Por isso, defender e investir na Expoacre não é luxo. É planejamento. É visão de futuro. É uma ponte para o progresso sustentável. Cabe a nós atravessá-la com coragem, ousadia e orgulho do que somos.


Marcello Moura é empresário, presidente do CDL Rio Branco e idealizador do movimento CIDADANIA EMPREENDEDORA.


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