O Ministério Público da Paraíba abriu uma investigação contra o influenciador digital Hytalo Santos por suposta “adultização” e exploração de menores em conteúdos publicados nas redes sociais.
O procedimento, aberto em 2024 após denúncias anônimas, apura se os vídeos produzidos e editados pelo criador violam o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ao expor jovens em situações com possível conotação sexual.
Entre os casos sob análise, está o da adolescente Kamylla Santos, de 17 anos, cuja imagem, segundo as denúncias, teria sido explorada de forma sensual. Hytalo nega as acusações e afirma colaborar integralmente com o Ministério Público. Ele sustenta que as mães das adolescentes acompanham as gravações e autorizam a participação das jovens.
O que é “adultização”
Embora o termo não seja tipificado como crime no Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece proteção integral a crianças e adolescentes, reconhecendo sua “condição peculiar de pessoa em desenvolvimento” e proibindo qualquer forma de negligência, exploração, violência ou constrangimento.
Cabe ao Ministério Público zelar por esses direitos e adotar medidas para impedir violações. A investigação contra Hytalo Santos se insere nesse papel institucional.
O caso ganhou grande visibilidade após um vídeo do youtuber e humorista Felca, que tem mais de 4 milhões de inscritos no YouTube, denunciar a exploração de menores no ambiente digital. Uma das acusações foi direcionada a Hytalo, que teve sua conta no Instagram desativada na última sexta-feira (8), após novas polêmicas.
Felca citou diretamente Kamylla Santos como exemplo de exposição sensual e criticou a falta de regulação sobre conteúdos envolvendo adolescentes. O vídeo já acumula mais de 15 milhões de visualizações e 100 mil comentários, recebendo elogios pela abordagem e pela decisão de não incluir anúncios.
Motta promete pautar projetos sobre o tema
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou neste domingo (10) que a Casa vai pautar nesta semana projetos relacionados à chamada “adultização infantil”.
“O vídeo do Felcca sobre a adultização das crianças chocou e mobilizou milhões de brasileiros. O tema é urgente e já conta com propostas em tramitação na Câmara. Vamos pautar e enfrentar essa discussão”, escreveu Motta.
A expectativa é que a Comissão de Educação e a Comissão de Direitos Humanos se envolvam na discussão. O tema também reforça pressões por regulamentação das redes sociais, com foco na atuação de influenciadores mirins, alguns com milhões de seguidores e contratos publicitários expressivos, mas sem garantias claras sobre a preservação de sua imagem e desenvolvimento.