O dólar à vista fechou perto da estabilidade nesta terça-feira, refletindo uma sessão de baixa volatilidade tanto no mercado nacional quanto no cenário externo, conforme os investidores continuaram monitorando o impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos, com a ata do Banco Central também no radar.
“A moeda alternou entre ganhos e perdas ao longo do dia, influenciada pela combinação de fatores externos e internos: no exterior, indicadores mistos e declarações de autoridades do Federal Reserve reforçaram expectativas de corte de juros em setembro, enquanto, no cenário doméstico, a ata do Copom reafirmou a manutenção da Selic em nível elevado por período prolongado”, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
Qual a cotação do dólar hoje?
O dólar à vista fechou em baixa de 0,02%, a R$5,50565.
Às 17h02, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,23%, a R$5,542 na venda.
Dólar comercial
- Compra: R$ 5,505
- Venda: R$ 5,505
Dólar turismo
- Compra: R$ 5,549
- Venda: R$ 5,729
O que aconteceu com dólar hoje?
O dólar à vista avançava ante o real, recuperando parte das fortes perdas acumuladas nas duas sessões anteriores e conforme os investidores avaliavam o panorama das tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos depois da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Diante das perdas recentes, alguns agentes financeiros aproveitavam para ajustar suas posições no mercado de câmbio, o que pressionava a divisa brasileira no pregão.
“O movimento reflete uma correção técnica após a forte queda da véspera. A desaceleração do mercado de trabalho nos EUA aumentou as apostas em uma mudança de postura do Fed, o que tem pressionado o dólar globalmente nos últimos dias”, disse João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos.
As atenções do mercado nacional continuam voltadas para o impasse comercial entre Brasil e EUA, um dia antes da entrada em vigor da tarifa de 50% do presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros, em decisão que excluiu da taxa punitiva uma série de exportações.
O governo brasileiro continua buscando uma negociação para que mais produtos sejam isentos da tarifa mais alta, mas sem sucesso até o momento. Na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a afirmar que o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, demonstrou interesse em marcar uma reunião.
Tornando a situação mais incerta, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na segunda-feira a prisão domiciliar do ex-presidente Bolsonaro por considerar que houve reincidência do descumprimento de medidas cautelares impostas contra ele.
Quando anunciou a tarifa sobre produtos do Brasil em julho, Trump vinculou a decisão justamente ao tratamento que Bolsonaro vinha recebendo em seu julgamento pelo STF. A prisão do ex-presidente, portanto, gerava receios no mercado de uma reação de Washington.
“Com a agenda econômica internacional mais leve, o câmbio deve seguir oscilando ao ritmo das negociações entre Brasil e EUA. A reação da Casa Branca nas próximas horas será crucial para determinar o rumo do real no restante da semana”, apontou Duarte.
A ata do Copom ressaltou que antecipa uma manutenção da taxa por período bastante prolongado, também pregando cautela diante de incertezas geradas pela tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros.
Na avaliação da Ativa Investimentos, a autoridade quis reforçar, assim como no comunicado, que o cenário de Selic contido no Focus é insuficiente para atingir seus objetivos. “Com a perspectiva de estabilidade da taxa básica de juros devido à estratégia explicitada, reafirmamos nossa projeção de que a Selic permanecerá estável por um período suficientemente prolongado, o que, na nossa visão, significa até meados de 2026.”
Já o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, participa do 2º Encontro do Centro de Política Fiscal e Orçamento Público (CPFO) às 9h30, no Rio de Janeiro.