Jair Bolsonaro (PL) teve prisão domiciliar decretada nesta segunda-feira (4). Bolsonaro se junta ao atual chefe do executivo do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a outros dois ex-presidentes da República detidos pela Justiça desde a redemocratização, em 1988.
Além de Bolsonaro e Lula, Fernando Collor de Mello (sem partido) e Michel Temer (MDB) também foram presos.
Coincidentemente, todas esses presidentes do Brasil presos foram detidos nos últimos sete anos.
O primeiro foi Lula, em 2018, seguido de Temer, no ano seguinte. Já Bolsonaro e Collor receberam ordem de prisão em 2025.
Conheça os presidentes do Brasil que já foram presos
Lula

Lula foi eleito para três mandatos presidenciais. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom)
O atual presidente do Brasil tem 79 anos e é uma das principais figuras políticas da história do país. Líder sindical nos anos 1970 e 1980, Lula se transformou em uma das principais lideranças da esquerda nacional.
A primeira eleição disputada por Lula foi em 1982, quando foi derrotado por Franco Montoro na disputa pelo Governo de São Paulo. Quatro anos depois, foi eleito deputado federal e se impulsionou como candidato à presidente do Brasil.
Por três vezes seguidas, Lula ficou em segundo na disputa, atrás de Collor e Fernando Henrique Cardoso (duas vezes). Mas em 2002, o petista venceu José Serra e iniciou o primeiro de três mandatos como presidente.
Mas a carreira política de Lula também é marcada por escândalos de corrupção. Durante os dois primeiros mandatos, chegou a ser investigado no processo conhecido como “Mensalão”, que investigava a lavagem de dinheiro na Câmara dos Deputados como forma de liberação de emendas parlamentares.
Mas foi em abril de 2018, após condenação na Justiça Federal, que Lula foi preso. Investigação no âmbito da Operação Lava Jato apontou que o petista recebeu um imóvel tríplex em Guarujá, no Litoral de São Paulo, como forma de facilitar licitações públicas com empresas investigadas por corrupção e lavagem de dinheiro.
Lula chegou a ficar 580 dias preso na sede da Polícia Federal (PF) em Curitiba, mas foi solto após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que impedia prisões antes do trânsito em julgado.
Michel Temer

Temer assumiu o mandato presidencial em 2016, após Dilma sofrer impeachment. (Foto: Cesar Itiberê PR)
Temer é um dos principais advogados constitucionalistas do Brasil e iniciou a carreira política na década de 1980, quando a convite do então governador de São Paulo, Franco Montoro, assumiu a Procuradoria-Geral do Estado. Ainda na gestão de Montoro, o político foi secretário de Segurança Pública.
O ex-presidente do Brasil deixou a secretaria para ser candidato a deputado federal em 1986, sendo suplente a uma das cadeiras do MDB. Assumiu efetivamente o cargo no ano seguinte, mas em 1990, novamente não conseguiu a vaga direta na Câmara dos Deputados.
Voltou a ser Procurador-Geral do Estado em 1991, durante o governo de Luiz Antônio Fleury Filho, antes de novamente ser candidato a deputado federal em 1995. Dessa vez, Temer foi eleito deputado federal, cargo que ocupou até 2010, chegando a ser presidente da Câmara entre 1997 e 2001 e 2009 e 2010.
Em 2010, Temer se licenciou do cargo de deputado para ser candidato a vice-presidente da República, na chapa de Dilma Rousseff (PT). Junto de Dilma, o político foi eleito e reeleito ao cargo, embora em 2015, no início do segundo mandato, ele tenha se colocado como opção a assumir a presidência, caso a petista sofresse o processo de impeachment.
Após Dilma perder o mandato em 2016, Temer foi empossado presidente do Brasil. No cargo, o político colecionou índices de impopularidade e foi investigado por escândalos de corrupção, embora tenha conseguido controlar os índices de inflação e iniciado no Congresso a discussão de reformas econômicas importantes, como a da Previdência e a Trabalhista.
Mas em 2019, Temer foi preso preventivamente, após ser investigado por chefiar um esquema de corrupção em contratos da Eletronuclear. Após quatro dias preso, foi liberado por decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), sendo detido posteriormente por mais cinco dias. Atualmente, responde ao processo em liberdade.
Fernando Collor de Mello

Collor foi o 32º presidente da República do Brasil. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Collor de Mello é filho de Arnon Afonso de Farias Mello, figura importante da política de Alagoas, e começou cedo na política, sendo eleito prefeito de Maceió (AL) aos 30 anos, em 1979.
Após ser eleito para cargos como deputado federal e governador em Alagoas, Collor disputou as eleições presidenciais de 1990 contra nomes mais consolidados na política, como Leonel Brizzola, Ulysses Guimarães e Mário Covas, mas conseguiu surpreender e chegou ao segundo turno para enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva.
Após intensa campanha, Collor venceu Lula e se tornou o 32º presidente do Brasil. Mas com um mandato marcado por escândalos de corrupção e medidas impopulares, como o confisco das poupanças, ele se tornou o primeiro presidente a sofrer o processo de impeachment, em 1992.
Collor perdeu os direitos políticos por oito anos e retornou a política somente em 2006, quando foi eleito para o primeiro de dois mandatos consecutivos de senador.
Em maio de 2023, o Supremo Tribunal Federal condenou Collor de Mello a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A condenação é ligada a um esquema criminoso na BR Distribuidora.
O ex-presidente do Brasil conseguiu recursos judiciais para responder em liberdade, mas foi detido em abril deste ano, após decisão do ministro do Supremo Alexandre de Moraes.
Jair Bolsonaro

Bolsonaro foi preso em prisão domiicilar nesta segunda-feira. (Foto: Antonio Augusto/STF)
Bolsonaro foi militar do Exército Brasileiro, formado na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 1977. Mas em 1986, o ex-presidente do Brasil foi preso após assinar um artigo em que criticava o salário dos cadetes no país, sendo inocentado pelo Supremo Tribunal Militar (STM) dois anos depois. No mesmo ano foi para a reserva do Exército, como capitão.
Logo após deixar a vida miliar, Bolsonaro iniciou a carreira política. Em 1988, foi eleito vereador na cidade do Rio de Janeiro, deixando o cargo dois anos depois para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados.
Bolsonaro foi eleito sete vezes consecutivas deputado federal, chegando a receber mais de 460 mil votos em 2014. No Congresso, o ex-militar se tornou uma das principais lideranças da direita brasileira e se fortaleceu como candidato a presidente a medida que a popularidade dos governos petistas caíam.
Nesse cenário, o PSL (atual União Brasil) lançou Bolsonaro candidato a presidente em 2018. Mesmo com um dos menores tempos de propaganda gratuita, o ex-militar liderou a disputa no primeiro turno e foi eleito presidente do Brasil ao vencer Fernando Haddad (PT).
Como presidente, Bolsonaro teve um mandato marcado pela pandemia da Covid-19, o qual foi acusado de atrasar o início da vacinação e não incentivar as medidas de distanciamento. Outro impacto direto foi a instabilidade na economia, em especial a alta no preço dos alimentos.
Com esse cenário, Bolsonaro foi derrotado em um apertado segundo turno contra Lula e foi o primeiro presidente a tentar a reeleição e não conseguir o feito desde a redemocratização.
Fonte: RIC.COM.BR