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Assuero critica repressão ambiental: “produtores são empurrados para ilegalidade”

Foto: Iago Nascimento

Durante a oitava noite da 50ª edição da Expoacre, realizada no Parque de Exposições Wildy Viana, em Rio Branco, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Acre (FAEAC) e também do Fórum Empresarial de Desenvolvimento Econômico, Assuero Veronez, concedeu uma entrevista ao ac24agro neste sábado (02).


Na entrevista, Veronez avaliou a feira, celebrou a presença de figuras como Aldo Rebelo e expôs, com franqueza, os impasses entre o setor produtivo rural e os órgãos ambientais.


“A Expoacre tem uma importância econômica muito grande. É um ambiente de negócios onde casas agropecuárias oferecem seus produtos, há leilões com bons resultados e, ao mesmo tempo, temos a maior festa do Estado. Este ano, talvez pela comemoração dos 50 anos, o governo investiu em uma programação mais robusta, com bons shows”, avaliou Veronez.


Ao ser questionado sobre a palestra do ex-ministro Aldo Rebelo, ele destacou a relevância do debate sobre desenvolvimento sustentável na Amazônia. “Aldo é uma sumidade em termos amazônicos. Ele defende que a Amazônia cresça economicamente, e veio fazer essa defesa aqui. Sua fala foi muito bem recebida. Foi um momento especial, ele falou por mais de duas horas e ninguém se mexia”, contou.


A conversa, no entanto, se aprofundou nas tensões políticas e ambientais que envolvem a produção rural na Amazônia, especialmente no Acre. Veronez criticou a pressão internacional contra o desmatamento, classificando-a como “desmesurada” e muitas vezes baseada em “falsas verdades” financiadas por ONGs estrangeiras. “A Amazônia tem só 16% desmatada e a mídia internacional parece que nós estamos destruindo a Amazônia. Parece que estamos acabando com ela. Há muita pressão que vem de fora, com interesses que não são confessáveis”, disse.


Ele reconheceu, porém, que há um embate real entre a necessidade de expansão produtiva e os limites legais. “O Acre tem a agropecuária como grande vocação, mas a repressão é muito grande. Hoje há quase 6 mil embargos no Estado, isso é uma loucura. Isso está empurrando todo mundo para a ilegalidade”, alertou.


Veronez foi incisivo ao apontar entraves na política federal. “Para mudar esse cenário, o primeiro pré-requisito é mudar o governo”, afirmou. Segundo ele, a atual gestão federal prioriza a repressão por meio do Ibama e da Funai, sem apresentar soluções efetivas para regularização fundiária ou ambiental. “Não há política para resolver os passivos. Só repressão”, destacou.


Foto: Iago Nascimento

Sobre os entraves ao crédito rural, ele denunciou que a nova normativa do Conselho Monetário Nacional tornou os bancos ainda mais rigorosos. “Antes, o embargo era na área desmatada. Hoje, vai no CPF do cara. Isso pega todo mundo, até os grandes, tem um grande aqui que tá com embargos por conta de posseiros”, relatou.


Um ponto sensível da entrevista foi a crítica direta à ministra Marina Silva, relembrando episódio em que lhe entregou o livro A Máfia Verde, Veronez disse que as ideias da ministra prejudicaram o desenvolvimento da Amazônia. “A Marina fez muito mal à Amazônia. A pobreza da região nasce bastante das ideias dela sobre a Amazônia e esses caminhos nos levaram a essa situação. Ela tem projeção internacional tanto que foi eleita por São Paulo, mas aqui não. O fato é que as ideias dela sobre a Amazônia não levaram a nenhum crescimento econômico. O diálogo com ela é inexistente”, ressaltou.


Ao ser questionado qual livro recomendaria ao presidente Lula, que está previsto para agendas no Acre no dia 08 de agosto, Veronez disse que não pretende entregar. “Não tenho livro para ele. Ele mesmo diz que nunca leu um livro. Então, não adianta dar”, ressaltou.


Apesar das críticas, Veronez afirmou que a Federação está buscando soluções práticas. Um dos encaminhamentos discutidos em recente reunião foi acionar o Conselho Estadual de Meio Ambiente (CEMAF) para tentar, junto à SEMA, normatizar situações fundiárias e ambientais pendentes. “A Federação preparou um documento e enviou à SEMA para que leve a questão ao Conselho. Temos que caminhar. O tempo não espera. Quem vai plantar precisa resolver isso agora”, finalizou.


 


Assista à entrevista:


Assuero critica repressão ambiental: “produtores são empurrados para ilegalidade”


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